Máxima
Busca
Facebook MáximaTwitter MáximaInstagram MáximaGoogle News Máxima

Abaixo as diferenças

Esse é a grande luta encabeçada pelo movimento feminista. Entenda porque é tão importante abraçar a causa que propõe uma vida melhor e mais digna para todas as mulheres — inclusive você!

Máxima Digital Publicado em 08/03/2018, às 11h00 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Você sabe, de fato, o que é ser feminista?  - Fotos: Shutterstock
Você sabe, de fato, o que é ser feminista? - Fotos: Shutterstock

Você é feminista? A pergunta é bastante objetiva, no entanto nem sempre a resposta chega sem hesitação. Você já deve ter até visto por aí muitas mulheres — incluindo algumas famosas — tentando sair pela tangente e se intitulando não feminista, e sim humanista. Ok, a liberdade está aí para ser exercida, mas será que estamos todas alinhadas pra valer com o que prega o movimento? “Acredito que boa parte dessa negativa seja consequência da falta de informação sobre o que é o feminismo. Soma-se a isso a desinformação consistente dos meios de comunicação, que tendem a deturpar nossas ideias e demandas, ou ainda fazer humor a partir delas”, opina Rachel Moreno (SP), psicóloga e feminista*. Por isso, vamos esclarecer as coisas: em resumo, trata-se de um movimento por direitos iguais para homens e mulheres. “Ele surgiu porque a legislação do século XIX tratava os sexos de forma diferente. As mulheres eram obrigatoriamente submetidas aos homens de sua família e não tinham uma série de direitos, como o acesso à educação e ao mercado de trabalho, ao voto, às garantias trabalhistas, ao recebimento de herança, ao divórcio, à guarda dos filhos... O movimento feminista questionou essas leis e foi, pouco a pouco, exigindo mudanças para emancipar o gênero feminino e igualar direitos e oportunidades”, explica Cynthia Semíramis (MG), pesquisadora da história dos direitos das mulheres. 

Entenda: se hoje podemos escolher quando e com quem vamos nos casar é porque no passado mulheres se indignaram com a inexistência desse privilégio e brigaram por ele. Se podemos exercer uma carreira e ganhar o nosso próprio dinheiro — quase 40% das mulheres são chefes de família no país — é porque alguém resolveu questionar o padrão retrógrado de que a mulher não podia ser nada além de administradora do lar. Confesse, amiga: não dá para ignorar o peso dessas conquistas na vida da gente. E, se você duvida, vale bater um papo com quem teve tais direitos negados. Não precisa ir muito longe: uma avó, tia ou até a sua mãe devem ter relatos interessantes sobre o tema.

O mote é a igualdade
A primeira grande confusão pode ocorrer devido ao nome dado ao movimento. Muitas pessoas entendem que o feminismo segue a mesma linha que o machismo, mas pendendo para o nosso lado. Um engano. “O machismo acredita que homens são diferentes e melhores do que as mulheres. O feminismo, não. Acreditamos que somos iguais, portanto devemos ser tratadas igualmente. Queremos a liberdade que os homens possuem, mas não queremos que eles deixem de ter liberdade”, esclarece a publicitária Maria Guimarães (SP), integrante do coletivo 65 | 10, que repensa a publicidade para mulheres, tanto dentro das agências quanto nas campanhas. Maria ainda explica que o movimento que nos coloca em posição de superioridade se comparado à classe masculina tem outro nome: é o femismo. Portanto, não confunda!

Lutas  atuais
Já caminhamos muito, é verdade. Mas ainda há um monte de coisas para conquistar. Conheça algumas das reivindicações do feminismo para os dias de hoje:

Direitos reprodutivos 
Segundo Cynthia, existem muitas iniciativas em andamento que visam vedar o fornecimento de contraceptivos e negar à mulher qualquer possibilidade de interrupção de gravidez. “Isso implica projetos de lei que não permitirão aborto nem nos casos já previstos na lei, como o estupro ou o risco de morte da gestante. Trata-se de um retrocesso em relação aos direitos atuais, o que é bastante prejudicial para as mulheres”, explica a pesquisadora. 

Políticas públicas que dão suporte à ala feminina
No país não existem creches públicas suficientes, tampouco horários adequados para nossas crianças. E o que isso tem a ver com o feminismo? “Dessa forma, o acesso das mulheres — que ainda são as principais responsáveis pelo cuidado com as crianças — ao mercado de trabalho é dificultado”, explica Cynthia.  

Extinção da violência contra a mulher e do feminicídio 
Dados da Fundação Perseu Abramo apontam que cinco mulheres são agredidas a cada dois minutos no Brasil. Mais: a cada uma hora e meia uma mulher é morta por um homem pelo simples fato de ser do sexo feminino e 89% das vítimas de violência sexual são mulheres. Os números são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). 

Fim da diferença salarial e mais oportunidades em cargos altos  
O Brasil apresenta um dos maiores níveis de disparidade salarial do mundo. Aqui, os homens ganham aproximadamente 30% a mais que as mulheres de mesma idade e nível de instrução, de acordo com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Injusto, não é mesmo? Isso sem falar que um levantamento realizado pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) com as grandes empresas locais mostrou que as mulheres ocupam menos de 8% dos cargos de direção na iniciativa privada no Brasil.