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Cérebro mais afiado

Esquecer o que foi pegar na geladeira, sair sem a bolsa, não se lembrar do nome de uma pessoa... Se você anda tendo lapsos de memória, vamos conversar a respeito

Texto: Carmen Cagnoni Publicado em 06/10/2016, às 08h00 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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Cérebro mais afiado - Shutterstock
Cérebro mais afiado - Shutterstock
Cada vez mais as pessoas se queixam de esquecimento. Fatos corriqueiros no dia a dia demonstram que a cabeça não anda tão afiada quanto deveria. Entretanto, falhas ocasionais são comuns. Apesar de os “brancos” nos colocarem em situações embaraçosas, eles dificilmente indicam um problema de saúde. E, embora os neurônios possam funcionar mais lentamente com o passar da idade, nem sempre esse é o motivo para as crises de esquecimento. Ansiedade, stress e má qualidade do sono têm um peso enorme nessa dinâmica, já que são capazes de “encolher” uma área do cérebro denominada hipocampo, que organiza e armazena a memória. Por isso, especialistas defendem que, em vez de dar tanta importância às falhas repentinas, o melhor é se preocupar com os hábitos diários. É possível resgatar o bom funcionamento da mente com uma dieta correta, exercícios físicos e estimulação cognitiva. Para os médicos, quando o assunto é a função cerebral, o comportamento cotidiano importa tanto quanto o DNA.

Engrenagem perfeita
O cérebro é o órgão mais importante do sistema nervoso. “As células nervosas, ou neurônios, processam todas as informações, fazendo com que ele execute as tarefas. Funciona como um sistema integrado. Ao entrar em atividade, cada uma de suas partes consome mais (ou menos) oxigênio e glicose, de acordo com a missão a atingir”, explica o neurologista André Gustavo Lima (RJ). Consumo excessivo de álcool, alimentação desequilibrada, insônia e stress provocam cansaço mental e afetam essa engrenagem. Para aliviar a sobrecarga e o desgaste, faça minipausas entre as tarefas, saia do ambiente gerador de tensão, realize passeios ao ar livre, limite as decisões do dia a dia, coma corretamente e pratique exercícios.

Mil coisas
A quantidade de informações que absorvemos diariamente é enorme e a nossa mente tem um espaço limitado para armazená-las. Quando ela recebe mais mensagens do que é capaz de captar, entra em colapso. Pesquisas apontam que estamos expostos a quatro horas de mídia todos os dias, o que torna impossível ter 100% de atenção. Televisão, rádio, celular, computador... Tudo isso junto e misturado no cotidiano altera a concentração e afeta a formação de novas memórias. Outro problema é pensar em muitas coisas ao mesmo tempo. Quantas vezes você está fazendo compras no supermercado, por exemplo, e projetando as próximas férias, imaginando o programa do fi m de semana, pensando em como resolver uma dificuldade... Um estudo da Universidade do Texas (EUA) afirma que ao agir assim você não apenas dá pouca importância a ambas as tarefas como também enfraquece a capacidade de transformar os pensamentos em memórias de longo prazo, o que debilita as conexões neurais. 

Mudança de hábito
O Programa Cérebro Ativo, do Hospital Sírio-Libanês (SP), preconiza o gerenciamento do ambiente e a higienização do sono como pontos essenciais para a boa memorização. “Evitar assistir televisão ou ler deitada na cama, fugir de bebidas com cafeína a partir do período da tarde e manter uma rotina de horário para dormir e acordar são atitudes fundamentais para a consolidação da memória”, afirma o médico geriatra Alexandre Leopold Busse, um dos coordenadores do Programa. “A medicina não sabe mensurar, ainda, quanto nossa capacidade cerebral diminui com o decorrer dos anos, mas podemos, sim, nos proteger de lapsos mantendo a capacidade intelectual ativa, por meio de estudo, atividades sociais e físicas”, conclui. É possível estimular o cérebro e tornar o raciocínio mais dinâmico praticando exercícios mentais, como aprender um novo idioma, fazer palavras cruzadas, tricotar e jogar videogame.

3 PASSOS PARA TURBINAR A MEMÓRIA

1. MEXA O CORPO
Recentes descobertas realizadas pelo Laboratório de Neurociências do Instituto Nacional de Saúde (EUA) indicam que a prática regular de atividade física estimula o hipocampo — onde estão armazenadas as células-tronco que dão origem a novos neurônios —, aumentando a capacidade de memória e de aprendizagem e melhorando a clareza dos pensamentos. Os exercícios ainda elevam a oxigenação e o fluxo sanguíneo no organismo, prevenindo acidente vascular cerebral (AVC). Uma pesquisa da Universidade de Kansas (EUA) revela que adultos sedentários que fi zeram uma média de 15 minutos de atividade aeróbica (como caminhada) cinco dias por semana tiveram um upgrade significativo nos resultados de testes cognitivos. Apesar disso, o geriatra Alexandre defende que o ideal são 30 minutos diários para obter efeitos eficazes.

2. DESAFIE O INTELECTO
Saia da zona de acomodação e exercite o cérebro. A memória, considerada uma das funções mais complexas, pode, sim, ser estimulada. “Atividades simples, como modificar o caminho para casa, fazer compras em locais diferentes, usar a outra mão para manusear o mouse do computador ou escovar os dentes, contribuem para o cérebro ativar a memorização de novos atos”, afirma o neurologista André Gustavo.

3. ALIMENTE-SE BEM
A dieta desregrada faz o organismo trabalhar mais para conseguir energia. Dessa forma, o aprendizado, a memória e a concentração são prejudicados. “A falta de carboidratos, proteínas e gorduras boas gera aquela sensação de cabeça vazia. Já a ausência de ferro causa anemia, que é conhecida por prejudicar a memorização e o aprendizado”, explica Márcia Daskal, nutricionista e proprietária da Recomendo Assessoria em Nutrição (SP). “Uma dieta equilibrada, sem a exclusão de nenhum grupo alimentar e com doses relevantes de frutas, grãos, fi bras e verduras, auxilia na boa performance do organismo”, diz a especialista. Anote os nutrientes favoráveis para a mente e aumente o consumo deles nas refeições: