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Emoções X Males Cardíacos: quando nossos sentimentos se tornam fatais para o coração

A ciência está convencida de que é impossível separar o trio corpo, mente e emoções. Sendo assim, tudo aquilo que sentimos influencia a nossa saúde — e o coração é um dos mais afetados

Texto: Patrícia Affonso Publicado em 06/06/2017, às 08h00 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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Emoções X Males Cardíacos - Shutterstock
Emoções X Males Cardíacos - Shutterstock
As evidências de que os nossos sentimentos afetam a nossa vitalidade estão cada vez mais claras. Pesquisadores já provaram que vivências negativas podem ter peso similar no desencadeamento de doenças cardíacas ao de fatores de risco já conhecidos — como diabetes, colesterol alto e tabagismo. Portanto, fica o alerta: será que você está cuidando como deveria das sensações que preenchem o seu coração?

Consequências físicas da infelicidade 

Quando expressamos algum sentimento, o cérebro aciona comandos reativos que interferem no funcionamento do corpo todo. “Estudos demonstram que o estado de ansiedade, raiva, angústia e tristeza colocam nosso organismo em alerta, gerando o aumento de mediadores inflamatórios e o desequilíbrio na produção de hormônios nocivos ao sistema cardiovascular. Esses fatores aumentam o risco de desenvolver doenças cardíacas e pioram o tratamento dos males já instalados”, explica a cardiologista Débora Giron (SP). Um dos problemas que fazem soar o alarme de incêndio sobre a saúde do coração é a depressão. “Os cardiologistas devem ficar atentos à possibilidade de suas pacientes sofrerem desse mal”, destaca Silvio Reggi, chefe da enfermaria da Cardiologia do Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Estudos já demonstraram que a enfermidade desencadeia o aumento de substâncias inflamatórias na circulação sanguínea. Isso pode provocar lesões no endotélio — a parede interna do vaso — e favorece o acúmulo de gordura e a formação de placas, a chamada aterosclerose. E isso não é tudo: a depressão também interfere no funcionamento do sistema de relaxamento e contração dos vasos sanguíneos, facilitando quadros de hipertensão. “A provável explicação para isso é o desequilíbrio hormonal proveniente da doença. Pessoas depressivas sofrem com elevações dos níveis de cortisol e adrenalina, hormônios que nos deixam aptos para reagir a situações desafiadoras ou perigosas. A questão é que na depressão esse estado de alerta se instala de maneira crônica. É um estresse constante”, diz o médico.

No olho do furacão

Vivenciar um pouco de estresse no dia a dia não faz mal; afinal, quem não tem contas a pagar, metas a cumprir, família para cuidar...? Bem, é aí que mora o engano. Segundo os especialistas, baixas intensidades de estresse experimentadas durante longos períodos podem reduzir gradualmente a capacidade das artérias coronárias de se dilatarem ou contraírem. O Interheart, um grande estudo canadense sobre os riscos para infarto agudo do miocárdio,descobriu que pessoas que apresentam stress crônico têm o mesmo risco de doença cardíaca que aquelas que fumam e um maior risco de ataque cardíaco comparadas aos pacientes com diabetes, hipertensão ou colesterol elevado. “O estresse prepara o nosso corpo para reagir a situações difíceis. A pressão arterial sobe, a respiração acelera, o coração bate mais rápido e os músculos ficam tensos. Uma vez passado o ‘perigo’, o corpo pode relaxar e renovar as forças”, esclarece Jennifer França, psicóloga e diretora científica do Departamento de Psicologia da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Aí é que está o problema de vivenciar o estresse de forma muito repetitiva. “Todas as alterações no organismo permanecem constantes. Um desgaste, sobretudo para o coração”, completa Jennifer.

Síndrome do coração partido 

Quem é que nunca viveu uma situação emocional tão dolorosa que sentiu como se o coração estivesse se rompendo ao meio? Pois saiba que existe uma doença causada justamente por esses eventos extremamente dolorosos, tais como a perda de um ente querido, um divórcio, um acidente grave e a notícia de um diagnóstico maligno. “A síndrome do coração partido ou miocardiopatia de takotsubo simula um quadro de infarto e é ainda mais grave que ele. Pode levar a uma situação de choque cardiogênico, no qual o coração não mantém suas funções adequadamente. Esse mal incide mais nas mulheres, especialmente na meia-idade, possivelmente por elas serem mais suscetíveis às emoções e sofrerem alterações hormonais”, explica Silvio. A paciente sente dor no peito, dificuldade para respirar, suadouro, fica pálida... As enzimas cardíacas se elevam, o eletrocardiograma mostra alteração; no entanto, quando a pessoa é submetida ao cateterismo, não existe obstrução, nem a formação de placas. No geral, não há tratamento específico para esse quadro. Os especialistas cuidam dos sintomas e esperam que o músculo cardíaco se recupere, o que pode levar semanas. Vale destacar que nem todo mundo que passa por grandes traumas terá a síndrome, ok?

O outro lado da moeda 

Se as emoções negativas podem prejudicar o coração, as positivas tendem a beneficiá-lo. “Quando vivemos momentos prazerosos, produzimos uma série de substâncias (oxitocina, serotonina, dopamina e endorfina) que ajudam a controlar a frequência cardíaca e diminuem a inflamação”, afirma Débora. Há outros ganhos: quando estamos felizes e de bem com a vida, ficamos mais dispostas a adotar medidas saudáveis. Confira medidas que podem ajudá-la a viver melhor e preservar a saúde do seu coração. 

BUSQUE ATIVIDADES PARA RELAXAR
Não existe receita, cada pessoa tem uma preferência sobre o que a deixa feliz e lhe dá aquele respiro: música, leitura, esporte, ver um filme... 

ENCONTRE UMA MODALIDADE PARA CHAMAR DE SUA
Vá experimentando até encontrar uma atividade que vá praticar com prazer e regularidade. 

VEJA O LADO BOM
Otimistas são menos propensos do que pessimistas a desenvolver doença coronariana ou morrer prematuramente. 

RECRUTE ALIADOS
Tenha sempre uma rede de apoio, com seus amigos e familiares. Outras coisas que ajudam: terapia e ter uma crença religiosa. 

MEDITE
A prática induz à calma e diminui os riscos para o coração. Os estudos mostram que pessoas que meditam regularmente apresentam níveis de pressão arterial, cortisol e frequência cardíaca diminuídos.