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Febre amarela: todas as respostas sobre a doença que está tirando o sono dos brasileiros

Como proteger os bebês? O que é dose fracionada? Febre é mesmo o principal sintoma?...

Raquel Maldonado Publicado em 11/01/2018, às 15h00 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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Estar bem informada é fundamental para se prevenir da doença - iStock
Estar bem informada é fundamental para se prevenir da doença - iStock

Para conter o surto de febre amarela no país, o Ministério da Saúde informou que os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia ampliarão a campanha de vacinação. O objetivo é que 19,7 milhões de pessoas sejam imunizadas. Só em São Paulo, desde janeiro do ano passado foram confirmados 29 casos da doença, com 13 mortes. 

Para que mais gente receba a proteção, a partir do mês que vem serão aplicadas doses fracionadas da vacina.  Mas o que quer dizer isso? Será que a dose fracionada é tão eficaz quanto a tradicional? E todo mundo pode se vacinar? Como saber se estou com febre amarela? Os infectologistas do Hospital e Maternidade Santa Joana (SP) Lívio Dias e Rosana Richtmann respondem:

Como a doença é transmitida?
Muito comum na América do Sul e Central, além de alguns países da África, a febre amarela é uma arbovirose, ou seja, uma doença causada por um vírus da família flaviviridae, a mesma da dengue e do zika e transmitido pela picada de mosquitos em áreas urbanas ou silvestres.

Qual a diferença entre a febre amarela urbana e a silvestre?
Do ponto de vista dos sintomas e do vírus causador, trata-se da mesma doença. O que as difere é a forma de circulação e o mosquito transmissor. No ciclo urbano o Aedes aegypti é o principal vetor. No ciclo silvestre, a febre amarela é transmitida por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Com a introdução da vacina em 1937 e com grandes campanhas de erradicação do vetor, conseguiu-se o controle e a eliminação da doença de ciclo urbano, sendo os últimos casos registrados no Acre em 1942.

Qual o ciclo da doença?
Se um humano não vacinado adentra uma área silvestre e é picado por um mosquito contaminado, ele fica doente. Se esse homem contaminado volta à cidade e é picado por um Aedes aegypti, esse mosquito se contagia e pode transmitir a doença para outros humanos. Nesse caso, seria a febre amarela urbana, que está erradicada no Brasil há 75 anos.

Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra?
Não. A única forma de transmissão da febre amarela é pela picada do mosquito.

Qual é a melhor forma de prevenção?
A principal medida preventiva é a imunização por meio da vacinação, que é altamente eficaz.

Todo mundo pode receber a vacina?
Não. A princípio, a imunização é recomendada para crianças a partir dos nove meses (aos 6 meses, caso vivam em áreas de risco) até idosos com 60 anos. Pessoas acima dessa idade, grávidas e mulheres que estão amamentando, crianças menores de seis meses, pacientes em tratamento de câncer, pessoas com alergia a ovos ou derivados, portadores de HIV ou qualquer doença que debilite o sistema imunológico e transplantados não devem ser vacinados.

E se uma pessoa que faz parte do grupo que não deve ser vacinado vive numa área de risco?
As situações especiais deverão ser avaliadas individualmente pelo médico e o risco/benefício ponderado para a tomada de decisão em relação à aplicação da vacina.

De que forma, então, as gestantes, bebês e demais pacientes vulneráveis podem se proteger?
Como primeira medida de segurança, esse grupo deve evitar as áreas de mata ou que tenham tido casos da doença. Caso isso não seja possível, existem outras formas de se proteger:

*Optar por roupas claras, pois cores vibrantes atraem o mosquito.

*Usar manga comprida e calça comprida, cobrindo principalmente as pernas e os pés, pois os mosquitos costumam voar baixo.

*Evitar o uso de perfumes – esse é outro fator que pode atrair os insetos.

*Usar repelente diariamente – essa dica é especialmente importante para gestantes, para evitar outras doenças como dengue e zika.

*No caso de bebês com menos de dois meses, quando o uso de repelente não é indicado, a recomendação é usar um mosquiteiro em volta do berço e manter o ambiente fechado e fresco.

Quem já é vacinado precisa repetir a dose?
Não é necessário. Segundo orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil adotamos a dose única da vacina.

O que é dose fracionada?
 A dose fracionada é uma dose da vacina menor em relação a habitual, porém com a mesma capacidade de gerar proteção. Dessa forma é possível vacinar um numero maior de pessoas, sem comprometer a eficácia da imunização. O tempo de proteção fornecido pela dose facionada é de pelo menos 8 anos.

Quem vai tomar a dose fracionada?
A vacina fracionada, a princípio, será adotada em alguns municípios dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. No entanto, ela não está indicada para todos os indivíduos com recomendação de vacinação. Crianças de nove meses a até 2 anos, pessoas com o sistema imune debilitado, gestantes (quando orientada por profissional de saúde) e viajantes internacionais deverão receber a dose padrão.

Quais são sintomas provocados pela febre amarela?
As manifestações mais leves da doença incluem febre alta de início súbito, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. Apesar de menos frequente, a forma mais grave da doença pode causar cansaço intenso, insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados) e hemorragias, podendo levar a morte.

Que complicações a doença pode ocasionar durante a gravidez? E para o bebê?
Como a resposta imunológica da mulher é modificada durante a gestação, muitas doenças infecciosas acabam sendo mais graves para gestantes. No caso da febre amarela, caso ocorra a manifestação grave da doença, os efeitos podem ser fatais, tanto para mãe quanto para o bebê. Diferentemente de doenças como o zika, não há nenhuma indicação cientifica que a febre amarela durante a gravidez cause sequelas ou problemas congênitos à criança.

Qual é o tratamento?
Ainda não existe um medicamento que atue diretamente no vírus, por isso, o paciente diagnosticado deve ser hospitalizado para tratar os sintomas com reposição de líquidos e monitoramento da atividade hepática e renal.