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A autogentileza abre as portas para a serenidade e o aprendizado. Cultive-a!

Quando algo foge do nosso controle, podemos escolher a ira e seus desdobramentos nocivos ou um caminho sereno, de aceitação e aprendizado

Texto: Raphaela de Campos Mello Publicado em 15/05/2017, às 13h29 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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A autogentileza abre as portas para a serenidade e o aprendizado. Cultive-a! - Shutterstock
A autogentileza abre as portas para a serenidade e o aprendizado. Cultive-a! - Shutterstock
Todos sabemos que existem pedras no caminho. E, não raramente, elas atravessam nossos planos e a linha reta que tentamos traçar vira um borrão. Pode ser um acontecimento sério, como também situações imprevistas, longe de serem trágicas, mas que nos assustam ou complicam o dia. Quando nos damos conta, já nos aborrecemos e perdemos o equilíbrio. Mas não precisa ser assim. O monge budista Thich Nhat Hanh, nascido no Vietnã, ensina que “temos que acolher o sofrimento como uma mãe que embala seu bebê com todo amor. Dessa forma o apreço e a compaixão por si mesmo irão brotar naturalmente”

Para que consigamos contornar a tensão, precisamos pegar mais leve e relativizar as coisas. “No dia a dia as pessoas exigem muito de si mesmas e até se maltratam. A gentileza para consigo mesmo é reflexo da atitude oposta, do autocuidado, do autoamor, que prevalece quando conseguimos nos ver com bons olhos”, diz a psicóloga Carla Bologna Wanderley (SP). O método mindfulness, que significa atenção plena, auxilia nesse aprendizado. “Mindfulness é a consciência que emerge quando prestamos atenção ao momento presente com abertura e intenção de fazer escolhas ponderadas”, define Moira Malzoni (SP), instrutora da modalidade, formada pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Comece já essa transformação positiva na sua vida!

OS PILARES DA AUTOGENTILEZA

ACEITAÇÃO 

O primeiro passo para modificar a resposta a qualquer situação que nos leva a atitudes extremas é aceitar que eventos desagradáveis acontecem. Todo mundo comete erros. É normal esbravejar, xingar-se e até fazer escândalo. Contudo podemos superar esse padrão e reconhecer que, sim, aconteceu, mas estamos lidando com a adversidade da melhor maneira possível. “Nossa tendência frente às contrariedades é não aceitá-las, e isso dificulta as coisas”, ressalta Moira. O mindfulness nos ensina a prestar atenção às experiências do presente com curiosidade, sem interpretar ou julgar os fatos com base em experiências passadas. Você pode até continuar se irritando no trânsito, por exemplo, mas vai, aos poucos, melhorar sua resposta a esse estímulo, já que terá estoque de calma e centramento. 

LUCIDEZ 

Quando coisas ruins acontecem temos a chance de revisar algumas atitudes e adotar estratégias mais positivas. Em vez de praguejar, podemos começar aquele processo de compreensão que tanto queremos e que significa reagir sem violência. A consciência adquirida é o que nos leva a ponderar sobre os fatos e a nos conhecermos melhor: “Como é esse erro que acabei de cometer?”; “Como eu estava quando reagi dessa forma?”; “O que pensei naquele instante?”; “Como meu corpo foi afetado por isso?”. “Não se trata de um procedimento analítico, e sim de uma conexão consigo mesma num espaço interno de silêncio”, destaca Moira. Esse entendimento nos ajuda a ficar mais receptivos com aquilo que a vida traz, da forma como ela traz, e interromper o fluxo da raiva.

GENTILEZA 

Abrir-se para o aprendizado embutido numa provação ou imprevisto é a maneira mais perspicaz de deixar que os problemas sejam gentis com a gente. Quanto mais resistimos, mais nos maltratamos. Por outro lado, quanto mais flexíveis somos, menos nos desgastamos. “Se formos capazes de passar pelas fases da aceitação e da tomada de consciência (lucidez), certamente iremos agir com mais abertura perante a vida”, assegura Moira. Outra grande conquista desse treino rotineiro é ser capaz de dar aos problemas sua proporção real, o que funciona como uma blindagem contra a autodepreciação. E, quando somos menos reativas, menos agressivas, as pessoas à nossa volta passam a agir da mesma maneira. Isso vai gerando uma vibração suave que, aos poucos, toma conta do círculo de relacionamentos.

Na trilha do autoperdão 

Muitas vezes, lembra Carla, não conseguimos ser gentis com nós mesmas porque deixamos que vozes destrutivas que nos marcaram, como “você só faz coisa errada”, continuem reverberando. “Se acreditarmos nisso, não vamos ser capazes de sentir autocompaixão”, alerta. Para neutralizar esse condicionamento, propomos um exercício elaborado por Moira Malzoni. “Ele cultiva emoções positivas acerca de nossa natureza.”

1. Sente-se confortavelmente numa cadeira, com a coluna reta, as pernas descruzadas e os pés bem apoiados no chão. 

2. Feche os olhos e observe a respiração por três a cinco minutos. Só então mentalize as seguintes frases, observando como se sente ao repeti-las internamente, em silêncio: “Eu posso me aceitar como eu sou”, “Eu posso entrar em contato com o que eu estou sentindo”, “Eu posso ser gentil comigo mesma”, “Eu posso me amar como eu sou”. 

3. Repasse as frases lentamente por cinco a dez minutos. Fique à vontade para incluir outros dizeres cheios de amor.