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Comportamento / História de vida

Ana Flávia Cavalcanti conta batalhas desde a infância e desafios para entrar no mundo da atuação: "A arte nos dá voz para mudar o mundo e é capaz de nos salvar"

Em exclusividade à Máxima Digital, a atriz detalhou sua história de vida

Gabriele Salyna Publicado em 30/06/2021, às 11h49

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Ana Flávia Cavalcanti conta batalhas desde a infância e desafios para entrar no mundo da atuação - Jorge Bispo
Ana Flávia Cavalcanti conta batalhas desde a infância e desafios para entrar no mundo da atuação - Jorge Bispo

"A arte nos dá voz para mudar o mundo e é capaz de nos salvar", é assim que Ana Flávia Cavalcanti começou a nos contar sua história. 

Como uma mulher negra, ela disse que enfrentou alguns desafios no caminho, mas vê que a situação está mudando e novas oportunidades estão surgindo.

"A arte é uma das principais formas que temos para despertar e alimentar reflexões necessárias e pertinentes acerca da sociedade em que vivemos. Como mulher negra, já passei por alguns desafios, mas também pude perceber que o espaço para pessoas negras em vários projetos tem crescido muito. Com muita dedicação na área e com vários projetos incríveis na TV, no cinema e com as performances, tive muitas conquistas na vida e nas artes.", disse.

A atriz contou o comecinho de sua história e falou sobre sua mãe: "Minha cidade natal é Diadema, próxima de Osasco. Vivi lá até os seis anos e amo esse contexto da luta dos metalúrgicos e de como o ABCD paulista sempre se manteve e se mantém na luta de classes, através dos funcionários de grandes montadoras. No início dos anos 90, cresci também em Atibaia e minha infância foi muito musical, com axé, pagode e sertanejo raiz. Brincar na rua e correr descalça eram minhas atividades favoritas e sempre ficava perto de muitos rios, levada pela minha mãe, por quem eu tenho uma eterna gratidão."

"Sozinha, ela me formou como ser humano, ensinando grandes valores de vida, como falar sempre a verdade, ser humilde, respeitar os mais velhos e estudar, para adquirir independência.", contou, orgulhosa. 

As oportunidades de brilhar chegaram e Ana Flávia aproveitou todas elas: "Ao longo da minha vida foi difícil perceber quando decidi ser artista. Alguns projetos foram divisores de águas para mim, como a novela 'Malhação - Viva A Diferença' e o filme 'Casa de Antiguidades', no qual tive a honra de contracenar com o grande Antônio Pitanga. Tenho a construção desse meu corpo político desde 2005, quando entrei na escola de teatro e comecei a experienciar a leitura, os filmes e as discussões intensas que acontecem em nosso meio.".

"Com isso, reuni algumas memórias, a realidade da minha família próxima e distante e entendi que minha voz pode ecoar e reverberar tudo isso, quis honrar minha existência e a criação que a minha mãe me deu.", contou. 

Aquele foi o começo para uma história de sucesso. A atriz entrou - de vez - no universo da arte: "Tive parceiros e parceiras incríveis de trabalho, pude fazer 'Rã' em co-direção com Julia Zakia, meu primeiro curta autoral que propõe a discussão sobre a fome no Brasil. Fiz também 'A Babá Quer Passear', performance que criei com base em minhas vivências remotas, para discutir sobre as situações de trabalho vividas por faxineiras e babás em todo o Brasil. Tenho o objetivo de fazer um documentário sobre isso inclusive, na direção do mundo que eu almejo e no qual eu espero viver, com justiça, qualidade de vida, conforto e descanso"

"A participação em 'Amor de Mãe' trouxe um crescimento para mim como atriz. Fazer novela é forte e mágico, pois é o produto da TV que mais pessoas assistem ao mesmo tempo, é muito gratificante ter seu trabalho apresentado para mais de 70 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, a alegria e o reconhecimento que tive em 'Malhação' até hoje também é insubstituível. Todos os formatos estão em constante transformação e hoje em dia faz sucesso mesmo o que é bem escrito e principalmente super conectado com o mundo atual.", disse a estrela, orgulhosa de seu processo. 

A atriz finalizou com uma fala importante: "Considerando o meu período de infância, quando minha mãe trabalhava como empregada doméstica, até agora, me sinto muito grata por tudo o que vivi e ainda viverei, trabalhando no que amo. Acompanhando tantas pessoas maravilhosas nessa área, chego à conclusão de que a arte nos oferece descanso no capitalismo selvagem e que ela sempre nos salvará.".