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Comportamento / Pautas raciais

Andre Damião problematiza atitudes de marcas que pagam pouco aos influenciadores negros enquanto promovem pautas raciais

Andre Damião contou uma situação pessoal que viveu

Máxima Digital Publicado em 27/04/2022, às 19h00

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André Damião problematiza atitudes de marcas pagam pouco aos influenciadores negros enquanto promovem pautas raciais - Instagram
André Damião problematiza atitudes de marcas pagam pouco aos influenciadores negros enquanto promovem pautas raciais - Instagram

A mídia social mudou o jogo para muitos influenciadores, se tornando um lugar para as pessoas da indústria criativa se destacarem. Influenciadores negros são poderosos elos entre consumidores e empresas, eles estão conduzindo discussões sobre raça, identidade e diversidade. Eles também estão redefinindo o papel de um influenciador, tanto em termos econômicos quanto sociopolíticos, portanto apesar da contribuição inegável para a sociedade, os criadores de conteúdo negros ainda estão recebendo de algumas marcas pouco ou nenhum reconhecimento.

Andre Damião é empresário, influenciador e criador de conteúdo, sua principal plataforma é o Instagram. Hoje ele soma mais de 70 mil seguidores interessados em seu estilo de vida, conteúdo sobre moda, questões raciais e LGBTQ+.

Anúncios pagos, patrocínios e parcerias com marcas se tornaram moeda quando o interesse pelo marketing de influenciadores dobrou, mas, semelhante a outras indústrias, o racismo estrutural também aparece nas negociações das parcerias no Instagram, que é o principal componente de influência e criação de conteúdo.

Recentemente, Andre usou seu Instagram para denunciar marcas que estão oferecendo trabalhos para influenciadores negros sem cachê, enquanto promovem igualdade racial, e relatou uma situação que viveu com uma empresa de grande porte.

"Uma empresa entrou em contato comigo, uma empresa bem séria, e como eu tenho um trabalho sério, a gente associa com bons trabalhos. O projeto era sobre um documentário racial, sobre enaltecimento negro, e que iria estar levando quatro influenciadores negros que são engajados nesse segmento (ou seja, influenciadores que tenham credibilidade) para assistir em primeira mão o documentário, com a expectativa dos influenciadores falarem sobre o documentário e da experiência, porém a marca não ofereceu cachê para a tal ação.", disse ele.

Andre continuou: "Nós sabemos que vai chegando o mês da consciência negra e as marcas vão fazendo ações de motivações raciais pra mostrar que estão apoiando nossas pautas, mas ao longo do ano a gente sabe como funciona.".

O empresário disse que por estar a muitos anos trabalhando com marketing digital hoje ele tem uma postura didática em relação às marcas: "Fiquei mais de dez minutos no telefone com o responsável pela empresa e abri um espaço de ter uma conversa com a pessoa e expliquei o porquê eu não iria e porque não era certo fazer esse tipo de convite. Mesmo sendo exaustivo e recorrente, gosto de contextualizar a importância de não oferecer proposta não remunerada a pessoas negras para que outras pessoas não se sintam ofendidas e diminuídas com propostas do tipo.".

O influencer problematizou essas empresas que apesar de se manifestarem em apoio ao movimento negro, não demonstram de fato igualdade e equidade em suas práticas de contratação: "Eu comecei a questionar vários pontos, porque não tem como você falar de enaltecimento negro sem enaltecer o trabalho da pessoa que você está convidando, porque senão você está convidando a pessoa pra trabalhar de graça.".

"Nós já fazemos parte de um recorte que não é valorizado, mesmo sendo influenciadores, a gente segue sendo minoria nas campanhas, segue recebendo menos, mesmo tendo um portfólio gigantesco.", disse.

O influenciador prosseguiu: "Acho um absurdo falar com naturalidade, como se fosse um presente, estarmos presentes pra falar sobre a nossa vivência.".

"Para eles pode ser até uma 'ajuda', algo que estão se associando, mas para mim, é a minha realidade, é o meu dia a dia, eu sou uma pessoa negra, não é uma figura, não é uma fantasia, eu vivo uma realidade de uma pessoa preta todos os dias. Eu não escolho trazer essa história, eu vivo essa história, eu sou essa história.", disse.

Felizmente, os criadores de conteúdo podem contar com gerentes e agências de talentos para ajudar em seus negócios e negociações de marca. Andre é proprietário de uma agência de influenciadores negros do Rio de Janeiro, e tem usado a plataforma do Instagram para trazer consciência e denunciar essas atitudes de descaso das marcas para com os influenciadores negros.

"A agência nasceu no intuito de introduzir influenciadores negros ao mercado publicitário, gerando capacitação e comercialização dos mesmos. O ponto chave durante uma negociação, é enfatizar a importância do impacto do influenciador dentro do público-alvo que a marca quer atingir.", falou.

Enquanto muitos macro e micro influenciadores recorrem às agências em busca de ajuda, Andre explicou que criadores que cuidam da própria carreira devem permanecem fiéis a si mesmos e a seus preços: "Defender sempre sua relevância dentro de uma marca e pontuar seu valor dentro do mercado. Também entender que conversão de público não torna um influenciador um vendedor".