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Claudia Raia revela: “Sempre é tempo de realizar e ser feliz”

Aos 49 anos, a atriz já conquistou o topo, mas não pensa em desacelerar — ela ainda quer e pode muito mais!

Texto: Patrícia Affonso Publicado em 29/11/2016, às 12h56 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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Claudia Raia - Gustavo Arrais
Claudia Raia - Gustavo Arrais
Quando o assunto é Claudia Raia nada é pouco ou pequeno. A começar, obviamente, pelo 1,78 metro de altura, sustentado por pernas que são, desde sempre, sucesso de público e uma de suas marcas. No entanto, tem muito mais em jogo: são 32 anos de uma carreira mega estrelada, repleta de personagens inesquecíveis na TV, no teatro e no cinema. Além de atriz, bailarina e cantora, a morena ataca também de empreendedora virtual: acaba de inaugurar uma loja online (claudiaraialoja.com.br) para comercializar cosméticos, suplementos, acessórios e itens de moda com a sua assinatura. 

Se a personalidade entra em questão, a gente logo constata o sorriso largo, o humor inteligente e o carisma inegável. As muitas histórias de vida a revelam, pouco a pouco, uma mulher que imprime brilho próprio em tudo. Definitivamente, Claudia não passa despercebida. “Gosto muito de viver, tenho uma incansável vontade de realizar. Tudo me diverte e instiga”, diz. No encontro (delicioso!) com a equipe de MÁXIMA a estrela, que integra o elenco da trama global das nove, A Lei do Amor, falou sobre a nova personagem, maturidade, autoestima, amor, maternidade... Encante-se!

Como foi fazer a participação especial em Haja Coração e interagir com a Tancinha, que você interpretou em 1987, na novela Sassaricando?
A Mariana Ximenes, que hoje faz a Tancinha, foi minha filha na novela A Favorita (2008) e, desde então, eu a adotei para a vida. Ela tem até pantufas lá em casa (risos). Participei muito desse processo dela como Tancinha, ela me consultou se deveria aceitar o papel e dei a maior força. Mariana está representando lindamente e o meu encontro com ela, na trama, foi uma homenagem do autor, o Daniel Ortiz, que é meu amigo. Pura emoção! 

O que pode nos contar da Salete, sua personagem em A Lei do Amor?
Ela é simplesmente adorável! Uma mulher batalhadora e dona de um posto de gasolina onde namora todos os frentistas. Mas tudo sem apego, porque ela é meio madrinha e mãe deles: leva no médico, no dentista... Salete vai virar a prefeita da cidade e fazer uma gestão super-honesta. No entanto, viverá um amor bem complicado.

Em dezembro você completa 50 anos. O que isso simboliza?
Quando penso nisso, digo “Mas já, eu nem notei?!”. Acho que agora eu comecei a florescer de verdade, porque a impressão é que eu tinha parado nos 15, sabe? Tenho muita disposição, vontade, alegria, sonhos... Me vejo um pouco menos afoita e isso é uma mudança para melhor. 

Essa é a maior lição da maturidade?
em dúvida. É o que eu chamo de viver no modo econômico — saber escolher no que dispender energia. Tem coisas que não adianta discutir: você pensa de um jeito e o outro não, você quer e o outro não. Conforme os anos passam, muita gente também vai se fechando, ficando com as ideias engessadas. Aí, deixa de crescer. Eu sempre me policio nesse sentido: quero ouvir os jovens, saber o que vem por aí. É uma troca! 

Você parece muito segura de si...
Nunca fui e continuo não sendo. Eu sou bemhumorada e isso faz com que eu toque a vida de maneira leve e positiva. Tenho consciência de que sou linda em movimento: sei andar, gesticular, jogar o cabelo, sorrir. Graças a esses atributos as pessoas olham e falam: “Uau, que mulher”. Aprendi isso depois que passei pela adolescência, porque eu era feia, alta, tinha os braços compridos demais, o nariz grande... Tive que começar a desenvolver outras qualidades. Sou uma mulher interessante, mas não me acho linda. O meu padrão de beleza está muito acima do que na verdade sou. Confesso que minha autoestima é meio ruim, até porque eu sou bailarina. As dançarinas são muita criticadas, sempre: “Não pare assim”, “Esta pirueta tá ruim”, “Olha a postura”. Minha filha, Sophia, 13 anos, diz uma coisa que eu adoro: “Vou fazer terapia até o final dos meus dias, porque o ser humano nasceu inacabado”. E é bem por aí, mesmo. Sempre teremos questões a trabalhar. 

Como você faz para não se deixar abalar por uma situação adversa?
Tenho temperamento difícil, sou brava. Não se enganem: não sou nenhum passeio no parque! Mas acho que consigo contornar bem as dificuldades, porque sou feliz e gosto de viver bem. Não curto sofrer. Então, já mudo de sintonia, porque eu me encho de mim mesma nesse estado.

O que mais a incomoda no seu jeito?
O meu senso crítico. Eu me cobro muito e, por isso, acabo cobrando os outros também. Falta de comprometimento me deixa desnorteada. 

Com tanta autocrítica, como você lida com os erros?
Olha, era bem difícil na adolescência. Eu era filha da dona da escola de balé, então imagine só! Não podia errar nunca. Agora, continua sendo difícil, porém é um pouco mais leve. Tento, todos os dias, ser uma pessoa mais tranquila. 

Como é a relação com os seus filhos?
Sou muito a favor da individualidade. Quero que eles sigam os próprios caminhos. Cobro bastante dos dois. Por enquanto, o Enzo, 19 anos, e a Sophia, só estudam. Daí, têm que fazer isso com excelência. Exijo deles, também, muita educação. Sou barra pesada, daquelas que fala: “Já cumprimentou?”, “Já agradeceu?”. O mundo não dá mole a quem não é educado. A gente pode falar qualquer coisa, para qualquer pessoa, desde que educadamente. O Edson (Celulari, ex-marido, 58 anos) também é um excelente pai. Estamos muito de acordo sobre opiniões e valores, então, não tem essa de eu proibir uma coisa e ouvir “Vou falar com meu pai”. Temos uma unidade muito bacana. Mas também sou palhaça com os meus filhos e amiga-mãe, ou seja, uma amiguinha que não é de igual para igual. 

Na sua opinião, qual é a melhor e a pior parte da maternidade?
Ser mãe é a grande dádiva de Deus, você descobre o que veio fazer no mundo quando tem filhos. O mais difícil é saber como falar sobre eles. Por ser uma pessoa pública, nunca sei como uma frase pode refletir nos meus filhos. Se elogio demais, tende a soar como se os estivesse enaltecendo para ver se os levanto. Se não elogio, parece que é porque eles não têm talento. Complicado! Uma palavra errada pode afundar uma pessoa, ainda mais quando é dita pela mãe. 

E a Cláudia do lar, como é?
Supermulherzinha. Gosto de pensar nos detalhes, enfeitar cada canto com uma flor, falar para a cozinheira o que ela tem que preparar... Não me envolvo mais por falta de tempo. Minha casa no Rio de Janeiro era muito grande, eu tinha vários empregados e começou a ficar demais, sabe? Aqui em São Paulo estou numa casinha, aconchego puro. Sou muito cuidadosa e cuidadora. 

Como ocupa o seu tempo livre?
Nossa, com tanta coisa! Balé, ginástica, pilates, passear com os meus cachorros, o Sushi e a Sashimi, ir ao cinema, jantar fora, viajar... Acho que ao lado do Jarbas (marido da atriz, 46 anos) resgatei a simplicidade. Em São Paulo o foco não é a TV Globo. Então, consigo estar mais em contato com a minha essência. Vou ao mercado e à academia a pé. No começo eu dizia para o Jarbas: “Vamos pegar o carro para ir a tal lugar”. E ele respondia: “Vamos a pé! Você não gosta de ver gente, de falar com os seus fãs?”. Aí virei uma espécie de miss Jardins (bairro), saio acenando para todos. Eu havia perdido esse meu jeito. Acho que muita gente acaba vivendo o cargo que ocupa, no entanto somos muito mais do que isso. Estava com saudades de mim. 

O que mais encanta você no Jarbas e quão é o segredo dessa relação, de 5 anos, tão bonita e firme?
A integridade dele. Eu acho que a gente só consegue amar uma pessoa que admira. E, nossa, o admiro demais! 

De que forma mantém esse corpão?
Sou uma pessoa muito ativa. Caminho, danço e faço pilates regularmente. Também tem a musculação, que eu não largo. Estou com o mesmo personal trainer, o Tonhão, há 18 anos. 

Pode revelar a sua dieta?
Minha rotina alimentar é difícil (risos), muito regrada. Tenho uma nutricionista poderosa, a Gabriela Ghedini, que me segura, porque eu adoro comer. Nada lá em casa tem farinha branca, é tudo orgânico, e não compramos industrializados. É uma dieta natureba, mas tudo gostoso, comidão de verdade. Tem muita batata-doce, aipim, banana, enfim, alimentos que fazem bem à saúde. 

Há alguma guloseima irresistível?
Meu problema não é o doce. Eu gosto de comida mesmo: arroz, risoto em geral, leitoa a pururuca... Mas sou bem disciplinada para não sair do foco.

Você é budista, como esse caminho entrou na sua vida e se encaixou tão bem?
Foi uma amiga que me apresentou ao budismo, há mais de 20 anos. Me encaixei justamente por não ser uma religião e, sim, uma fisolofia de vida. Eu me conecto em qualquer lugar, em qualquer situação. Acredito muito no que diz o mantra (que repito diariamente) nam miô rô rengue kiô, que significa: peço perdão de todas as minhas causas passadas, harmonia com todo o universo e fusão com Deus. Me considero mais do que budista, sou uma espiritualista. Rezo Ave-Maria sempre e quando o bicho tá pegando, mesmo, me agarro à oração do Credo, que acho lindíssima. 

Quais sonhos ainda deseja realizar?
São tantos... Quero fazer um filme incrível e mais minisséries. Acho que no teatro falta um Shakeaspeare e um monólogo. Também queria muito ter tido três filhos, mas não deu tempo. Então, quem sabe eu adote um dia?