Máxima
Busca
Facebook MáximaTwitter MáximaInstagram MáximaGoogle News Máxima

Cuide do seu cérebro: veja atitudes que mantêm o órgão saudável e ativo

Todo mundo deseja uma vida longa. Mas de nada adianta prolongar os anos se eles não tiverem qualidade. E isso tem tudo a ver com a saúde cerebral. Se você não está fazendo nada por ela, precisa começar!

por Patrícia Affonso Publicado em 13/10/2017, às 09h00 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Cuide do seu cérebro - Shutterstock
Cuide do seu cérebro - Shutterstock
As capas de revistas, as propagandas, os programas de saúde pública... nos lembram, frequentemente, que é preciso cuidar da saúde do coração. E está certo: o órgão bombeia sangue para todo o corpo e, por isso, tem um papel tão fundamental na nossa anatomia. A gente se esquece, no entanto, que, para o coração desempenhar essa função, existe alguém no comando: o cérebro. “Ele coordena as habilidades do nosso organismo, como um maestro regendo uma orquestra. Para termos ideia de sua importância, esse órgão, que não chega a 3% do nosso peso corporal, recebe cerca de 25% de toda a circulação arterial”, esclarece o psicólogo Roberto Debski (SP). Apesar disso, até há pouco tempo mal se falava sobre a saúde dele. Mas o cenário vem mudando, pode reparar! Se antes a gente deixava para se preocupar com assuntos como os lapsos de memória só na terceira idade, hoje os esquecimentos, as confusões e outros incidentes do tipo já fazem disparar alertas. A explicação para essa transformação é uma via de mão dupla. Para começar, o nosso estilo de vida, que está contribuindo para que alguns bugs no funcionamento cerebral fi- quem mais aparentes e constantes. “Existe hoje também uma maior percepção das pessoas sobre as doenças que podem afetar o cérebro, como o acidente vascular cerebral (AVC) e o mal de Alzheimer”, afirma o neurologista Paulo Bertolucci, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (SP).

ENXURRADA DE INFORMAÇÃO
Estamos mais conscientes sobre as doenças que afetam o cérebro, primeiro, por termos maior acesso a informação hoje em dia e, depois, por conta do aumento no percentual de casos registrados. No caso do Alzheimer, por exemplo, estima-se que o número de doentes chegue a 65,7 milhões em 2030 e a 115,4 milhões em 2050. Um estrondo! Não é que nossos bisavós tivessem algum tipo de proteção contra a doença. “O fato é que as gerações atuais estão vivendo mais. E a idade é um fator de risco para esse tipo de problema”, explica Paulo. O estilo de vida, por sua vez, aparece como facilitador — e até antecipador — de alguns esquecimentos (e outros problemas) por vários fatores. O principal deles, segundo os especialistas, talvez seja o fluxo de informações e atividades ao qual estamos expostos, de maneira quase ininterrupta. Acontece que a memória está intimamente relacionada à atenção e, convenhamos, não andamos lá muito atentos. É aquela coisa: a gente responde mensagens enquanto confere as postagens nas redes sociais, abre links para ler depois e tenta acompanhar o noticiá- rio na TV — tudo ao mesmo tempo! “Quanto mais tarefas realizamos e mais preocupações somamos durante o dia, maior é a sobrecarga no cérebro e a dificuldade para armazenar as informações”, resume o neurocientista Aristides Brito (SP). Até mesmo as facilidades do mundo moderno podem jogar contra nós quando o assunto é manter nosso cérebro saudável e em plena atividade. “Antigamente as pessoas decoravam os telefones dos amigos. Hoje, eles ficam armanezados no celular, e é possível chamá-los e até compartilhá-los sem nem visualizar os números. O usuário, então, não grava na mente aquela informação. Isso, com o passar do tempo, vai diminuindo o exercício da memória”, completa o neurocientista. É a tal história: o que a gente não usa vai se perdendo... Experimente faltar algumas semanas na academia: logo o fôlego e a massa muscular, que você conquistou com treino frequente, vão diminuindo drasticamente. O mesmo vale para a memória e o raciocínio: sem treinamento, eles vão enfraquecendo. 

UMA DOSE DE CALMA 
A vasta lista de vilões da saúde cerebral ainda não chegou ao fi m. Conhecido como o mal da atualidade, o estresse não pode passar batido. Entenda, todos nós estamos sujeitos a situações estressantes todos os dias, e não há muito como fugir disso. Se forem acontecimentos pontuais, daqueles que nos deixam tensos para que possamos reagir e resolver, ok. O problema é quando o quadro vai se arrastando, tornando o nervosismo um companheiro constante, e se transforma no chamado estresse crônico. “Essa condição causa um desgaste contínuo no organismo, que fica em frequente estado de alerta. Isso ocasiona o aumento da pressão arterial e dificulta a oxigenação cerebral. Vale citar que o problema também prejudica o sono e reduz a atenção, contribuindo para falhas na memória”, diz o neurocirurgião Francinaldo Gomes (SP). Não existe receita pronta para domar essa fera: cada pessoa precisa descobrir a sua pró- pria fórmula, que geralmente inclui atividades prazerosas, descanso, exercícios físicos e ferramentas como a meditação. “Nenhum caminho, no entanto, será eficiente se não buscarmos o autoconhecimento para ditar quais são os nossos limites. Temos que aprender a eleger prioridades, delegar tarefas e abandonar o desejo de carregar o mundo nas costas”, destaca Aristides.  

O que posso fazer pelo meu cérebro?

Certos cuidados que ajudam a manter sua mente turbinada. Não perca tempo! 

GINÁSTICA MENTAL
Ler , aprender um novo idioma, fazer palavras cruzadas, sudoku ou crochê são boas ideias. É que as atividades cognitivas vão formando uma reserva de sinapses (comunicação entre os neurônios). “Quando aparece um problema que afeta o cérebro, como o Alzheimer, ele ataca primeiro as sinapses. Quem tiver uma poupança delas vai demorar mais para perceber o prejuízo”, diz Paulo. 

CORPO ATIVO
Pessoas que fazem atividade física têm 35% menos risco de declínio cognitivo do que os sedentários. “Os exercícios diminuem a atividade inflamatória no cérebro e ativam uma enzima que inibe a formação da proteína beta-amiloide, que se agrupa no cérebro e pode bloquear a sinalização entre as células nas sinapses”, diz o neurologista. 

SAÚDE EM DIA
Males como hipertensão, diabetes e sobrepeso, se não tratados adequadamente, podem prejudicar a circulação no cérebro. Estudos mostram, ainda, que pessoas acima do peso apresentam maior degeneração cerebral. 

DEPRESSÃO PEDE CUIDADOS
“Essa doença compartilha algumas alterações químicas com o Alzheimer, por isso é um alerta importante”, diz Paulo. Não deixe de tratá-la! 

RELAXAR É PRECISO
Vivenciar um estado contínuo de tensão leva à morte dos neurônios e à formação de sinapses ineficientes. Equilibre-se! 

SONO PRESERVADO
É por meio do descanso que o nosso corpo se recupera e pode atuar no dia seguinte com um bom desempenho. E o cérebro não fica fora dessa! Além disso, é quando dormimos que ocorre o estágio de consolidação da memória.