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Comportamento / O que é?

Diante do namoro de Gui e Gabi, psicóloga explica o que é 'abuso psicológico' e responde se vítimas podem superar traumas

A especialista ainda ensinou como as pessoas podem começar a identificar comportamentos suspeitos

Máxima Digital Publicado em 03/03/2020, às 12h45

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Psicóloga avalia atitudes de Guilherme com Gabi Martins - TV Globo
Psicóloga avalia atitudes de Guilherme com Gabi Martins - TV Globo

O relacionamento entre Gabi Martins e Guilherme está preocupando, cada vez mais, os internautas que acompanham o Big Brother Brasil 20.

As idas e vindas do casal, as provocações feitas pelo moreno e os choros constantes da loira geraram comentários de que o jornalista estaria praticando um possível abuso psicológico com a namorada.

O assunto é delicado, porque, muitas vezes, quem age como um "agressor psicológico" pode nem perceber que está sendo tão opressor e fazendo tão mal à vítima. 

A vítima, por sinal, também pode passar a duvidar de sua própria sanidade mental e começar a se achar louca por se sentir confusa em relação ao parceiro.

É o que está acontecendo com os dois?

Difícil, né?

Para entender melhor sobre esse assunto delicado, e para levar ainda mais informação para os nossos leitores, nós da Máxima Digital conversamos com a psicóloga Marina Prado Franco.

A especialista explicou tudo sobre o que é o abuso psicológico, como os abusadores agem no relacionamento, como isso pode ser tratado e muito mais!

CONFIRA:

1) O que é abuso psicológico?

"É um tipo de abuso que ainda não é muito falado, por ser algo silencioso e que acontece em momentos de intimidade. Mas é um tipo de abuso que, assim como o físico, pode causar enormes traumas na pessoa que é vítima. 

No abuso psicológico existe um comportamento perverso e destrutivo, por parte do abusador, e uma relação de desigualdade em que ele tenta controlar, de maneira escondida, muitas vezes, seu parceiro ou parceira. Ele tenta ter esse controle do parceiro que é mais vulnerável, e que geralmente tem a autoestima mais baixa, pra que essa vítima se torne totalmente refém e dependente.

Então, qualquer tipo de relação em que exista uma disparidade entre alguém que domina e outro que é dominado, se caracteriza por uma relação em que, geralmente, se tem o abuso psicológico.

O abusador, geralmente, tem uma personalidade possessiva e manipuladora, fazendo, muitas vezes, a vítima duvidar da sua própria sanidade mental".

2) Como identificar se está sendo vítima de abuso psicológico?

"Para identificar se você está sendo vítima, é preciso observar algumas características do relacionamento desde o início até a atualidade.

Geralmente, o abuso é feito de maneira gradual. Existe uma tendência manipuladora nesse agressor, então, geralmente, no início da relação ele tenta agradar e impressionar sua parceira para criar confiança dela em relação a ele e, posta essa confiança, é aí que começam os abusos.

O abusador faz chantagem, humilha, desrespeita e, depois disso, pede desculpas, diz que as coisas não irão se repeti... Isso se torna um círculo vicioso.

A vítima passa a sentir que não tem mais voz [dentro do relacionamento]. Então, ela começa a falar as coisas e o abusador consegue manipular aquilo, omitindo alguns fatos, e fazendo com que a vítima se sinta culpada.

É mais comum as vítimas serem mulheres, por conta de que os homens, muitas vezes, pela questão do machismo, ainda querem submeter muitas mulheres às suas vontades". 

3) Muitas famosas estão participando de uma campanha para tirar o participante Guilherme por acusá- lo de fazer abuso psicológico com a participante Gabi. Qual a importância desse tema estar sendo debatido na mídia?

"Muitas vítimas desses abusos, nem se dão conta de que estão vivenciando aquilo. Não sabem identificar e não conhecem os sinais de uma relação abusiva. Além de que, normalmente, elas estão isoladas de amigos e família, né?

Se elas estão isoladas, sem muito contato com outras pessoas, a televisão e a mídia passam a servir como facilitadoras desse processo para que elas percebam do que são vítimas.

Pelo menos, através do acesso à televisão, às revistas e aos jornais, elas conseguem se informar de uma situação que, talvez, elas não conseguissem enxergar de outra forma. 

Muitas vezes, elas nem sequer sabem o que significa um abuso psicológico, então se a mídia começa a tratar sobre isso pode ser positivo". 

4) Quem sofre e quem faz abuso psicológico precisa de acompanhamento psicólogo?

"Sim! O acompanhamento é indicado tanto para a vítima, quanto para o abusador. O abusador se encaixa nisso, porque, muitas vezes, está reproduzindo um comportamento que, por exemplo, ele via o pai fazer. Muitas vezes, esse comportamento está ligado a crenças do patriarcado, machismo, ou a crenças de que a mulher não tem voz, enfim, e ele não entende, muitas vezes, porquê ele age daquela forma. 

Esses relacionamentos podem terminar de maneira violenta e isso se repete, né? 

Para a vítima, é importante para que ela possa se fortalecer e identificar que ela está sendo vítima, em primeiro lugar. Fortalecer sua autoestima, retomar relacionamentos e entender como ela pode se empoderar para que consiga sair daquela situação".

5) Como é o tratamento para abuso psicológico?

"O tratamento envolve a identificação de crenças que estão por trás daqueles comportamentos não funcionais. Comportamentos que não estão ajudando a vivenciar uma rotina e uma relação saudáveis. 

Para a vítima, é importante entender porquê ela se submete, entender que aquilo é um abuso e como ela pode se fortalecer daquilo. Identificar também crenças de que ela não é boa o suficiente e que ela não vai ser feliz sozinha podem estar influenciando ela se permitir estar nesse tipo de relação e não colocar limites no relacionamento. A terapia funcionaria como autoconhecimento e empoderamento para que aquilo seja combatido".


Marina Prado Franco

Psicóloga formada pela Universidade Federal de Sergipe; Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo CTC VEDA em São Paulo; Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP; realiza atendimento presencial e online. Tem experiência no atendimento com adolescentes e adultos.