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Comportamento / História

Empresária e produtora do maior show em tributo ao Michael Jackson, Priscila Freitas conta como é trabalhar em um meio majoritariamente masculino

Casada com Rodrigo Teaser há 20 anos, a atriz também falou sobre autoestima, sensualidade da mulher e pressão que sofre para ter filhos

MARINA PASTORELLI Publicado em 01/02/2021, às 08h00

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Priscila Freitas conta detalhes da vida de produtora do maior show em Tributo ao Michael Jackson - Instagram/ @primfreitas
Priscila Freitas conta detalhes da vida de produtora do maior show em Tributo ao Michael Jackson - Instagram/ @primfreitas

Como é ser mulher em um meio majoritariamente de homens? Priscilla Freitas é empresária, produtora do maior show em tributo ao Michael Jackson no Brasil e no mundo, o Tributo ao Rei do Pop; é atriz, fez seu primeiro trabalho de sósia de Marilyn Monroe em uma festa do Luciano Huck e precisou passar por muitos desafios profissionais até chegar aonde está hoje.

"Eu nasci em uma família de artistas. Minha mãe é atriz. Desde pequenininha eu a acompanhava e ela fazia muito teatro e publicidade. Já meu pai era baterista. Ele tocava em banda de baile e era luthier e fabricava baterias. Eu nasci em Salvador, mas fui criada em Curitiba. Com 15 anos, ao invés de ter uma festa, pedi para conhecer Salvador. Me apaixonei e aos 18 anos toda a família acabou indo morar lá".

E mal ela sabia que naquela cidade, na qual ela escolheu para morar, que seu caminho cruzaria com o de Michael Jackson pela PRIMEIRA vez. Apenas primeira, porque sua vida seria recheada de referências ao cantor no futuro. 

"Em Salvador, meu pai foi trabalhar com o Neguinho do Samba, consertando tambores dele. Foi nessa época que eu poderia ter visto o Michael Jackson. No dia da gravação, meu pai acordou cedo e falou: 'Filha, você não quer ir para o Pelourinho? O Michael Jackson vai gravar o clipe'. Eu respondi que não, porque estaria muita muvuca. Eu não era fã dele nessa época. E quando meu pai voltou, ele contou que conseguiu ver o Michael Jackson de "perto" e acompanhou a gravação toda, porque ele trabalhava com o Neguinho do Samba, que estava no clipe, então ele podia estar lá". 

Naquela época, ela não era fã. Mas imagina hoje em dia, sendo produtora do maior show em homenagem ao Michael Jackson, como ela não amaria aquele encontro, mesmo que distante?

Mas como ela se tornou produtora?

PRIMEIRA VEZ COMO SÓSIA NA FESTA DO LUCIANO HUCK

Sua carreira começou mesmo quando sua família se mudou para São Paulo para apostar mais ainda na vida artística. Sua mãe, que era contratada do SBT na época, abriu uma agência especializada em sósias para eventos e Priscilla passou a trabalhar nela. 

"Essa história é engraçada, porque eu caí de para-quedas nessa vida. Uma pessoa ligou pra agência dizendo que precisava de uma Marilyn Monroe pra sair de dentro de um bolo no aniversário do Luciano Huck. Porém nesse dia, a moça que fazia a Marilyn pra nós, já estava em outro evento. Aí eu, muito cara de pau, disse: 'Se ela coloca uma peruca, um vestido e vai, por que eu não faço o mesmo?'. Fui totalmente insegura, sem saber me comportar e fiquei tão chateada de ter enrolado naquele momento, que eu decidi estudar mais. Gostei da brincadeira, então mergulhei na personagem, estudei, pintei meu cabelo...E quando alguém dizia que eu era parecida com a Marilyn eu me achava!"

VIDA DE PRODUTORA

"Nessa época [da agência] eu conheci o Rodrigo (Rodrigo Teaser, sósia do Michael Jackson). Ele também fazia shows pequenos com ele, ballet e playback, aí começamos a namorar e, a princípio, eu mais ficava na produção - dele e da agência - do que atuando".

E, naturalmente, Priscila foi se tornando empresária, no susto. Do nada. Sem experiência. Sem vivência, mas com coragem.

"Quando o Michael Jackson faleceu, eu e o Rodrigo fomos assistir ao This is It, o filme em homenagem ao cantor, e o Rodrigo disse: 'Eu quero fazer um show como nenhum outro tributo tem, porque quero me despedir. Ele morreu, não tem mais para quê eu trabalhar com isso, então quero esse show'. E com a experiência que eu tinha de eventos, fomos montando o show. Demoramos dois anos e a despedida ainda não aconteceu. Achamos que seriam shows pontuais, mas o pessoal sempre queria mais, então não fizemos O ÚLTIMO. Aí eu fui entrando nesse mercado de shows e venda de shows e fui aprendendo errando. As coisas foram acontecendo".

Ela, que já produziu shows duas vezes no Rock in Rio, também na Europa, Chile, Paraguai, EUA, entre outros, contou que no começo sentiu muita dificuldade em entender como o meio funcionava e que ser mulher pode, ou não, ter influenciado isso.

"O meio de ‘shows’ tem uma galera nova, mas ainda tem uma boa galera das antigas, que é tem um jeito de trabalhar antigo, um jeito de pensar antigo… Então, com certeza eu posso dizer que não é fácil [...] Não posso falar que PORQUE sou mulher enfrentei alguns desafios. Porque não sei se foi isso. Acho que muitos artistas devem sofrer por vários motivos, mas tem vezes que eu ligo para o produtor e pergunto: ‘Você recebeu tal coisa?’. Ele responde que sim. Chega na hora e ele não atende ao que foi combinado e eu sinto uma falta de respeito. Não posso afirmar 100% se é por ser EU ou por eu trabalhar com um artista tributo. Talvez se eu trabalhasse com outro grande artista, isso não acontecesse". 

Dificuldades no ramo, roubo e desafios que precisou enfrentar

"Eu ouvi muitos nãos. Minha maior dificuldade foi mostrar que eu tinha competência para fazer acontecer. Que o produto que eu estava me propondo a vender era um produto de qualidade… Eu chegava nos lugares apresentando o show, contando que tínhamos 8 bailarinos no palco, LED, um artista trazendo tudo do Michael Jackson, mas não aceitavam. Precisávamos gravar um DVD para que os locais aceitassem os shows".

Certa vez, Priscila conseguiu uma oportunidade para gravar o DVD com Rodrigo, mas a experiência não foi das melhores. Os dois acabaram sendo roubados por um empresário que estava envolvido no processo.

"Fomos muito roubados no começo. Tomamos muito na cabeça para aprender. Quando conseguimos gravar o DVD, colocamos 2300 ingressos pagantes em um local e saímos com uma dívida de 10 mil reais. Eu não entendi, na época, como tinha acontecido isso. Mas pelo menos conseguimos filmar o show". 

"Caí na lábia de alguns empresários, em mãos erradas. Eu não tinha ideia de como eram as coisas. Hoje eu sei como funciona um show, quanto custa uma luz. Na época, não. Me falavam que custava três vezes mais e nós pagávamos. Hoje não somos mais roubados assim".

PANDEMIA

O grande desafio de Priscila Freitas durante a pandemia foi se reiventar como empresária para conseguir outros meios de obter renda, além dos shows, como publicações pagas nas redes sociais do artista Rodrigo Teaser, por exemplo. Ela contou que uma grande preocupação sua foi manter os membros da equipe, os músicos, que dependiam muito das apresentações que faziam para pagar as contas.

E ALÉM DE EMPRESÁRIA, PRODUTORA E ATRIZ, PRISCILA É EMPODERADA 

Engana-se quem pensa que em seu Instagram Priscila Freitas compartilha apenas o seu lado de EMPRESÁRIA. Empoderada e segura de si, a morena também posta diversos registros sensuais nas redes sociais, sempre enfatizando uma tema que crê ser muito importante para todas as mulheres: autoestima.

"Minha musa é a Marilyn Monroe, a primeira garota que posou para a Playboy [...] Fotos sensuais fazem bem pra autoestima. Independente do corpo, acho que toda mulher deveria fazer para se sentir bem consigo. Minha mãe era obesa e fez, há 30 anos, um ensaio sensual. Então, posso dizer que em casa eu nunca tive um ‘não, você não pode fazer isso’. E tem uma grande diferença do vulgar para o sensual, né? Todas as mulheres devem fazer um ensaio assim. Quem não quer se sentir bonita?"

Até hoje esse é um grande tabu entre as mulheres de diferentes meios profissionais.

"Sempre tem gente que me pergunta no Instagram: ‘Seu marido deixa você postar essas fotos?’. E sim, deixa. E não é nem questão de deixar… Eu SEI até onde posso ir para respeitá-lo. Infelizmente, eu tenho muitas amigas que gostariam de postar fotos assim também, mas que dizem: ‘Infelizmente, trabalho em um banco só com homens. Meu chefe é homem e não vai pegar bem’. E é uma pena esse mundo ainda muito machista'.

MAS E OS FILHOS?

É natural mulheres se sentirem pressionadas a formarem uma família simplesmente por pressão da sociedade. Casada há 20 anos, a produtora contou que já teve que responder muitas vezes a pergunta: "Quando vocês terão um filho?"

A reflexão do dia é: por que? Por que a mulher PRECISA gerar uma criança? Por que existe essa pressão em pleno século XXI?

"Eu e o Rodrigo estamos juntos há 20 anos e é engraçado como a sociedade nos cobra um filho. Conversamos muito sobre isso e um filho não está nos nossos planos. Por enquanto, eu não me vejo mãe e se daqui a 10 anos eu tiver vontade, não vemos problema nenhum em adotar uma criança. Eu já tenho 40 anos e daqui a pouco o prazo de qualidade vai embora, né? Rs. Então, se quisermos, adotaremos. Eu me sinto cobrada pelos seguidores, pelo público que acompanha o Rodrigo e às vezes até me sinto mal de falar que não quero uma criança. É um problema isso? Não querer uma criança? Eu tenho certeza que não quero, mas fico me perguntando se estou sendo egoísta".

"A mulher é muito cobrada, principalmente em casamentos duradouros", finaliza.