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Comportamento / Gordofobia na Dança

Pessoas gordas não sabem dançar? Entenda porque esse preconceito tem que acabar

A cantora Aila Menezes e os idealizadores da página Chubby Dance provam que todos os corpos podem tudo

Ivana Guimarães com supervisão de Marina Pastorelli Publicado em 03/09/2020, às 18h10

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Os cantores César Menotti e Aila Menezes - Instagram
Os cantores César Menotti e Aila Menezes - Instagram

Nesta terça, 1, a notícia de que César Menotti foi cortado do quadro Dança dos Famosos, do Domingão do Faustão, por estar acima do peso dominou a internet

Em entrevista ao programa Tô na Pan, o cantor comentou sobre o caso. “Minha assessora me informou que eu não estaria mais por causa da obesidade. Mas quero deixar claro que isso não me chateou em nada. Estou super de boa. Só ri da situação: será que ninguém viu, desde o começo, quando me convidaram, que eu era gordo?”, questionou. 

Na internet, o ocorrido foi classificado como gordofobia e muito se falou sobre como dançarinos que estão fora dos padrões são tratados. A influenciadora Alexandra Gurgel foi uma das ativistas que criticaram o caso.

Para falar sobre a gordofobia na dança, nós, da Máxima Digital, conversamos com Aila Menezes, cantora e bailarina que é sucesso no TikTok e com Louise Sulianne e Igor Sabino, idealizadores da @chubbydance, página no Instagram voltada para a divulgação da Dança Plus Size. 

Para os criadores da Chubby Dance, ter preconceito contra bailarinos gordos é achar que eles são limitados: ”A sociedade sempre associa quem é gordo ao sedentarismo e a compulsividade por comida, mas não é bem assim. Pessoas gordas, além de dançar, podem ser incríveis em qualquer atividade física, é só olhar para talentos como Ellen Valias(@atleta_de_peso) que é fera no basquete, Bruna Braga ( @brunabraga.sa ) no vôlei, Cherlyene ( @cherlyene_silva ) na capoeira e tantos outros que são incríveis no que fazem, mas por conta de estereótipos não são notados."

“As pessoas não têm só aversão a gordos dançando, a gordofobia é tão estrutural que ela faz com que a sociedade tenha aversão aos corpos gordos em qualquer lugar. Para muitos é um absurdo que alguém “acima do peso” dance e esteja feliz. Eu costumo dizer que quando vou a festas e danço, sou um evento dentro do próprio evento, porque a sociedade não consegue conceber que gordos também ocupam o lugar de protagonismo, inclusive na dança. Pessoas gordas podem ser o que elas quiserem. Médicos, advogados, bailarinos. Tudo”, esclareceu Aila.  

Sobre como o mercado da dança trata os profissionais que não são magros, Louise e Igor afirmaram: “O nosso Instagram foi criado justamente por não acharmos justo ter tanta gente gorda boa no mercado, mas que não são contratadas por não serem do "estilo" que o contratante pede. O dançarino gordo, ou é coreógrafo e fica por trás dos "magrinhos", ou é chamado para animar festas infantis. Não podemos mais aceitar isso, o que deve ser avaliado é a dança e não o corpo do dançarino.”

Com vídeos que possuem até 8 milhões de acessos no TikTok, Aila Menezes vem sofrendo ataques na internet por mostrar seu corpo livremente. A artista contou que isso a fez escrever a música Fat Gata, pensada para ser estrelada por pessoas gordas: “A gente precisa de oportunidade e igualdade. Nossos corpos são reais. Foi por isso que acabei de fazer uma música chamada Fat Gata, que será o primeiro casting online de bailarinos e bailarinas gordos do Brasil. Se é por falta de visibilidade, usaremos a internet para acabar com isso.”

“Todo corpo conta uma história triunfal sobre quem somos. Ele é uma caminhada, cheia de vitórias e derrotas, estrias, celulites e dobras. Tudo isso conta um pouco das experiências que vivemos. O meu corpo é político, um sinal de resistência a uma sociedade que o tempo todo quer me aprisionar em jaulas. Corpo feliz é aquele que tem alguém feliz dentro dele, independentemente do número do manequim”, expressou a cantora.

E para quem afirma que pessoas gordas não sabem dançar, o pessoal do Chubby Dance disse: “Tem que pesquisar melhor, porque temos alguns dançarinos gordos conhecidos que até trabalham com alguns cantores, como a Thais Carla ( @thaiiscarlaoficial ), a Letícia Brum ( @leticiaableal ), o Felipe Campus ( @felipecampus ) e o Fabrício Lima (@fuuhlima ).”

"A dança foi feita para todos os tipos de corpos. É importante que as pessoas compreendam que além do corpo que está ali, existe o direito daquele ser humano de existir e escolher o que mais gosta de fazer.  A dança não é seletiva, ela é inclusiva, é um voo de liberdade para todos os corpos. O olhar do preconceito não vai nos levar a lugar nenhum e se tem uma coisa que gente gorda pode é poder e nós podemos muito!", explicou a dançarina.