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Após Nego do Borel dizer que não transmitiu HPV para Duda Reis, médico explica mais sobre a doença

Dr. Danilo Galante fala sobre a doença que Duda Reis acusou Nego do Borel de transmitir para ela

Máxima Digital Publicado em 20/01/2021, às 16h41

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Após Nego do Borel dizer que não transmitiu HPV para Duda Reis, médico explica mais sobre a doença - Reprodução/ Instagram
Após Nego do Borel dizer que não transmitiu HPV para Duda Reis, médico explica mais sobre a doença - Reprodução/ Instagram

Nos últimos dias a polêmica entre Nego do Borelganhou novos capítulos após o cantor usar seu Instagram, para postar vídeo e imagens após fazer exames de sangue para descobrir como andava a sua saúde íntima. O funkeiro decidiu rebater as acusações da ex, a atriz Duda Reis, de que ele teria lhe transmitido HPV.

"Os últimos dias tem [sic] sido de muitas acusações para mim. A minha resposta para tudo isso será provar a minha inocência. E no meio das muitas acusações eu fui acusado de ter transmitido HPV. Como quem não deve não teme, resolvi fazer um exame. E hoje vim aqui apresentar o resultado. Não, eu não tenho e nunca tive HPV, assim como nenhuma outra doença sexualmente transmissível. Se alguém que se relacionou comigo tem, não foi de mim que pegou. Eu e minha equipe estamos trabalhando dia e noite e vamos provar que essas acusações são mentirosas!", disse nos Stories antes de exibir os resultados.

O funkeiro compartilhou com os seguidores imagens em que mostra ter testado negativo para Toxoplasmose, Zika Virus, Clamídia, Hepatite C, HTVL V l/ll, HIV e Sífilis. Nenhum dos exames, no entanto, mostra que ele não possui HPV.

Para esclarecer todas as dúvidas sobre a doença, o médico Dr. Danilo Galante, formado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com especialização em Urologia pela UNESP explicou um pouco mais.

O que é o HPV?

HPV é a abreviação em inglês para papilomavírus humano. É uma IST (infecção sexualmente transmissível) muitas vezes não causa sintomas, mas pode provocar verrugas genitais em homens e mulheres. Também podem ser em outras mucosas como ânus, virilha, pubís e bocas. É uma das doenças mais comuns. 

Transmissão

Sempre por contato sexual ou pelo menos pelo toque sexual.  Ou seja, é transmitido durante o sexo, seja ele vaginal, anal ou oral. Até mesmo a masturbação pode levar ao contágio.

"O paciente pode se contaminar desde cedo, na primeira relação sexual dele da vida. O vírus fica latente por anos e anos e ele só tem a doença depois de vários anos da infecção inicial. Isso significa que o Nego do Borel pode ter pego infecção por HPV aos 15 anos e ter desenvolvido aos 40, 45. A Duda que está acusando ele de ter passado HPV também ter tido do primeiro namorado dela, não ter mostrado nenhuma lesão, porque a infecção pode ficar latente e essa infecção voltar aparece em forma de lesões 10, 20 anos depois. Não tem como acusar alguém de contágio de HPV", aponta Danilo.

Sintomas

O HPV pode passar despercebido até as lesões surgirem. "Não são lesões que doem, coçam, tem cheirou ou deixam vermelho. São apenas verrugas - formações na pele que parecem uma vegetação. Podem ser únicas, múltiplas, podem ser grandes e únicas, mas elas são sempre lesões de pele", afirma o médico.

E o diagnóstico?

Lesões nas partes externas dos órgãos genitais ou na região bucal podem ser detectadas no próprio consultório, mas também é possível ver com a peniscopia, em homens, e papanicolau, em mulheres.

"Diagnóstico é clínico, ou seja, examinando o paciente você olha e vê as lesões. No consultório, a gente coloca ácido acético, que nada mais é que um vinagre diluído, e olha com uma lupa para enxergar a lesões maiores. Exames de sangue só mostram se o paciente teve contato na vida - e esses exames não ajudam no diagnóstico. A gente sabe que 90% da população teve contato com HPV. Basta a gente ter pelo menos 3 parceiros sexuais na vida que você já entrou em contato. Sabemos também que depende do paciente ser suscetível ao vírus e só 10% da população é suscetível. Então, 90% tem contato e não desenvolve a doença", diz Dr Danilo.

Se comporta igual em homens e mulheres?

Segundo o médico, a doença se comporta da mesma forma em homens e mulheres. Contudo, ela é muito pior para as mulheres, porque ela tem uma associação do câncer de colo. Existem dados de que 100% das mulheres com câncer de colo de útero têm HPV, mas não significa que toda mulher que tem HPV vai ter câncer de colo de útero. Não existem grupos de risco, mas pacientes apresentaram mais lesões quando estão com o sistema imunológico pior.

Dá para saber pelos exames de sangue mostrados?

"Não é possível saber se o Nego do Borel tem ou não HPV pelos exames. Teria que fazer um exame físico e descrever essas lesões. O paciente pode ser postador de HPV e no momento do exame físico e não ter lesões. A Duda também pode ter pego de um namorado antigo e agora estar mostrando lesões, sendo que ela pode não ter pego do Nego do Borel", afirma o médico.

Tem cura?

O HPV não tem cura, apenas controle. O controle para homens pode ser feito com tratamento físico, como a pêniscopia. O tratamento quando é encontrado lesões, é com destruição total das lesões. Podem ser queimadas com bisturi elétrico. Também podem ser destruídas pelo calor por laser, pelo frio por crioterapia e também por ácidos que são alguns cremes que corroem a lesão.

Complicações possíveis?

As lesões genitais podem se tornar frequentes, mas existem outros riscos maiores do que a questão estética. Nas mulheres, é a incidência de câncer de colo de útero. Nos homens, o HPV favorece o aumento da chances de câncer de pênis, região anal - quando tem lesões na região anal - e de câncer de boca, de laringe  e faringe quanto está a região oral.

Dr. Danilo Galante – Formado em medicina pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) com especialização em Urologia pela UNESP. Pós-graduado em Cirurgia Robótica pelo Hospital Oswaldo Cruz – SP. Doutorado em urologia pela USP, além de Fellow Observer of Johns Hopkins School of Medicine Brady Urological Institute Laparoscopic and Robotic Urologic Surgery. Membro Titular da Sociedade Brasileira  de Urologia e Instrutor do ATLS (Advanced Trauma Life Support), atua em áreas diversificadas como Cálculos Urinários; Infertilidade (incluindo Reversão de Vasectomia), Disfunção Sexual e Cirurgia Robótica. Site: https://drdanilogalante.com.br/