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Câncer de mama: o que você precisa saber

O status de invencível dessa doença já ficou lá para trás. No entanto, é preciso estar alerta às medidas preventivas e aos sinais

Texto: Patrícia Affonso Publicado em 27/10/2017, às 11h04 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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Câncer de mama: o que você precisa saber  - Marcella Briotto
Câncer de mama: o que você precisa saber - Marcella Briotto
Todos os anos, neste mês, ações de conscientização sobre o câncer de mama ficam em evidência, graças ao movimento internacional Outubro Rosa. E não é à toa que a iniciativa ganhou força: esse é o tipo mais comum e que mais mata mulheres no mundo. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estimou que, em 2016, o número de novos casos da doença no Brasil ultrapassaram 57 mil. Mas nem todas as notícias são desanimadoras. Muitos avanços ocorreram e a informação, como sempre, é uma grande aliada. Confira a seguir os principais tópicos sobre o mal e se proteja.

Diagnóstico precoce: a maior arma
“Se identificado cedo e tratado adequadamente, as taxas de cura são superiores a 95%”, destaca Renato Cagnacci Neto, cirurgião oncológico do Departamento de Mastologia do A.C. Camargo Cancer Center (SP). Mesmo assim, a mortalidade ainda é alta — cerca de 12 mil mortes de mulheres ocorrem todos os anos no Brasil em decorrência da enfermidade. A explicação? A demora no diagnóstico que traz complicações ao quadro. 

Rastreamento: imprescindível para a deteccção
Após a primeira menstruação, as mulheres iniciam a rotina de consultas ginecológicas, que devem se repetir pelo menos uma vez ao ano. Nelas, o especialista levanta os dados da paciente e orienta sobre os exames necessários. A verificação com palpação das mamas e axilas é de praxe: por meio dela, o médico pode identificar a presença de carocinhos ou alterações locais e encaminhar a mulher para uma verificação mais profunda. O principal exame utilizado para o rastreamento desse câncer é a mamografia. A Sociedade Brasileira de Mastologia sugere realizá- la anualmente a partir dos 40 anos. “Porém, mulheres que tem muitos casos de câncer de mama, ovário, pâncreas ou próstata em parentes próximos podem ter que antecipar o teste para a faixa dos 25-30 anos”, diz Renato. 

Autoexame: faça dele um aliado
Para muitos médicos, a recomendação do autoexame caiu em desuso. “É que diversas mulheres, ao perceberem que não encontram alterações, deixam de ir ao especialista fazer o rastreamento, que é muito mais efetivo”, afirma Renato. Isso não quer dizer que você está completamente liberada. Prestar atenção no seu corpo é importante. “O que recomendamos às pacientes hoje em dia é o autoconhecimento: conhecer seu corpo, não ter vergonha dele, palpar as mamas ocasionalmente e procurar o médico caso apresente alguma alteração ou sintoma local”, completa o cirurgião.

Grupo de risco: sinal de alerta 
Cerca de 12% das mulheres terão câncer de mama. Apesar de a hereditariedade ser tão mencionada, ela responde por uma fatia pequena: “90% dos casos não possuem relação genética”, garante o mastologista e ginecologista José Carlos Torres (SP)*. “Esse deve ser considerado um indicativo importante quando a paciente apresenta dois ou mais parentes em primeiro grau com câncer de mama ou ovário antes dos 40 anos”, completa. Outros fatores de risco que pedem atenção: os casos são mais comuns entre mulheres obesas, sedentárias e com dietas ricas em gordura, que nunca tiveram fi lhos ou tiveram gestações tardias (após os 35). “Por isso, o câncer de mama é mais prevalente em países ocidentais de primeiro mundo”, observa Renato. 

Anticoncepcional: risco aumentado ou mito?
Afinal: quem toma pílula fica mais propenso a desenvolver a doença? “Quando o tipo de contraceptivo usado tem baixa dosagem de hormônios, o risco de câncer de mama não parece elevar-se”, revela o oncologista Artur Malzyner, da Clinonco (SP). Os médicos, portanto, consideram o medicamento seguro. Mas não é todo mundo que pode usar. “Mulheres que já receberam o diagnóstico de câncer de mama devem suspender a utilização, pois a maioria dos tumores cresce com estímulo hormonal”, orienta Renato. 

Tratamento: procedimentos individualizados 
Uma vez diagnosticada, é hora de começar a atacar a doença. E sem demora, a fi m de evitar complicações, como a metástase — que é quando o câncer se espalha além do local onde começou, o chamado sítio primário, para outras partes do corpo. Não existe um protocolo padrão para o câncer de mama. “Um mesmo tipo de tumor, de igual tamanho, pode expressar diferente biologia molecular em duas pacientes e, consequentemente, exigir uma abordagem distinta em cada caso”, explica José Carlos. No geral, o tratamento envolve quimioterapia (hormonioterapia) e radioterapia, além da cirurgia. Com os avanços da medicina oncológica, muitas mulheres já conseguem preservar a mama sem ter que retirá-la por completo. Nesse caso, a cirurgia foca apenas no quadrante afetado. Para isso, no entanto, o tumor deve ser pequeno, o que exige (vale a pena repetir!) um diagnóstico precoce. Receber apoio psicológico e nutricional, durante todo o tratamento, é de grande valia. O primeiro ajuda a mulher a se fortalecer emocionalmente e o segundo garante dicas preciosas para que o corpo suporte bem o tratamento e sofra menos com os efeitos colaterais.

Reconstrução mamária: um direito da paciente 
As mulheres que tiveram a mama retirada (total ou parcialmente) por conta do tratamento têm direito, garantido por lei, de realizar a cirurgia plástica reparadora— isso vale tanto para atendimentos públicos quanto privados. Caso existam condições técnicas e clínicas, o procedimento deverá ocorrer no mesmo momento da mastectomia (retirada da mama), evitando que a mulher passe por mais uma intervenção, posteriormente. 

Seguimento: a continuidade do tratamento 
Após o tratamento do câncer e a conquista da tão desejada cura a paciente entra numa fase que se chama seguimento ou follow up. Trata-se de um acompanhamento médico com consultas, além da realização de exames de imagem e de sangue regulares. “Essa etapa geralmente dura entre cinco e 10 anos e deve-se ao maior risco de recidiva da doença”, esclarece Artur. Passado esse período, a pessoa volta a ter o mesmo risco da população normal.

A prevenção está ao seu alcance 
Como vimos, vários fatores de risco para o câncer de mama estão relacionados a hábitos que podemos mudar. Veja algumas atitudes para adotar já:
  • Praticar pelo menos 30 minutos de atividade física, diariamente. Vale aquela caminhada pelo bairro! 
  • Apostar numa alimentação balanceada, pobre em açúcar e gorduras e rica em frutas, verduras e legumes. Os nutrientes presentes nos vegetais são essenciais para fortalecer as defesas do organismo e combater os invasores nocivos. 
  • Manter-se no peso ideal, principalmente após o período da menopausa. O sobrepeso cria um ambiente mais propício para o desenvolvimento do câncer de mama. 
  • Evitar álcool e cigarro.