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Criolo usa o luto para renascer em novo trabalho: "Esse álbum fala sobre fé, resiliência"

Criolo, que é capa digital da Rolling Stone Brasil, falou sobre seu novo projeto

Máxima Digital Publicado em 06/05/2022, às 13h00

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Criolo usa o luto para renascer em novo trabalho: "Esse álbum fala sobre fé, resiliência" - Criolo / Foto: Helder Fruteira (@afilmbyme_) Direção de arte da foto: Alma Negrot (@almanegrot)
Criolo usa o luto para renascer em novo trabalho: "Esse álbum fala sobre fé, resiliência" - Criolo / Foto: Helder Fruteira (@afilmbyme_) Direção de arte da foto: Alma Negrot (@almanegrot)

Criolo precisou se reerguer e encontrar em um momento doloroso uma força enorme para se reinventar. Rápido com as palavras, versos e rimas, o cantor se viu diante de um momento o qual não conseguia agir. 

Em seu novo trabalho, Sobre Viver(2022), o artista, que é capa digital da Rolling Stone Brasil, traz uma nova versão de sua história e traz temas que são importantes de serem falados. 

"A gente tá em 2022 e tem uns rap escritos há 30 anos que tão descrevendo os dias de hoje... As coisas não mudam, mano!", disse em entrevista exclusiva ao veículo.

Ele enfrentou a morte da irmã, que faleceu vítima de covid-19 aos 38 anos, e mais tempos nebulosos. 

"Esse álbum fala sobre fé, resiliência... fala mais uma vez sobre esse abismo social que a gente vive, e o que vem com isso", disse.

O cantor também traz denúncias em formas de versos. Ele denuncia temas como racismo, milícias, estado, genocídios em suas letras. 

"Muitas casas de oração estão sendo destruídas e ninguém fala sobre isso. Ou, quando se fala, o espaço é pequeno, fala-se muito pouco. Essa intolerância religiosa pode se traduzir em outras frases: perseguição, assassinato, morte. Então é urgente sim.", falou.

Criolo comentou sobre os temas que traz em suas composições: "A parte social que já vinha frágil, lutando muito, foi totalmente esquecida, e isso fortaleceu ainda mais essa crueldade que deságua nas ruas, em fome, medo, depressão, sabe? É um país de fome, onde as pessoas estão cada vez mais se sentindo inseguras, tristes. Então, mais uma vez o rap se apresenta como portal para essa troca urgente, necessária. Sempre é hora de falar sobre melhoria. Mas não dá pra falar de melhoria e não falar de tudo o que tá acontecendo.".

O artista confessou que ficou um tempo sem compor suas canções: "Eu fiquei uns três anos sem compor, antes da pandemia, eu ficava meio assim, tava até meio desacreditado de mim".

Ele disse que contou com o apoio de sua família e de amigos próximos que o sustentaram para que ele voltasse a escrever. O artista contou que esse processo de volta foi natural. conta. 

"Foi no tempo que tinha que ser, só que eu não era dono desse tempo. Eu fui devagarinho voltando, sem perceber. Enquanto isso, todas essas pessoas que eu te falei dando apoio, respaldo, suporte", diz, "mas tem coisas que têm o tempo delas, não adianta. Então isso foi acontecendo, devagarinho, devagarinho. E então aconteceu. Aconteceu assim", contou.

Durante esse processo, Criolo reencontrou alguns nomes importante e conheceu outros que já marcaram sua história como Tropikillaz, MC Hariel, Liniker, Jaques Morelenbaun e Milton Nascimento.

"Não tem como não se emocionar, sabe? Porque um texto tão duro e o Milton já cantou tanta coisa no planeta... Quando eu apresentei a música pra ele, ele já respondeu 'gostei, quero gravar'. Eu não sei descrever o tamanho da minha emoção e o quanto essa música ficou gigantesca na voz dele", disse.

E foram nesses encontros que Criolo encontrou a paz: "Eu tava com muito ódio, muita dor, muito desespero, tá ligado? Não que isso mudou, ou que acalmou. A arte oferece abraço, alento, aconchego, reflexão, caminho...".

"No meio desse processo todo a gente foi vendo que a gente tá sobrevivendo a isso tudo. A gente tem vontade de viver. A gente não abre mão de viver", finalizou.