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Na TV / Big Brother Brasil

A importância do discurso de Camilla de Lucas sobre a solidão da mulher negra e o peso de ser militante no 'BBB21'

Camilla e João explicaram sobre o termo “palmitar” e a solidão da mulher negra para a Juliette em conversa no programa

Máxima Digital Publicado em 30/03/2021, às 14h39

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A importância do discurso de Camilla de Lucas sobre a solidão da mulher negra no 'BBB21' - Reprodução/ Instagram
A importância do discurso de Camilla de Lucas sobre a solidão da mulher negra no 'BBB21' - Reprodução/ Instagram

Camilla de Lucasentrou no BBB 21 com cerca de 2,9 milhões de seguidores e o peso de ser vista como 'militante' da pauta racial. Como visto nas outras 20 edições, o número de negros era sempre muito inferior ao de brancos - foi a primeira vez que o programa teve 9 participantes negros. 

Muito por causa disso, a influencer se sentiu pressionada em defender suas causas antes mesmo de entrar no reality show. Em conversa com João e Juliette, Camilla desabafou sobre um assunto de extrema importância: a solidão da mulher negra.

Durante o bate-papo, a carioca comentou que não é comum ver casais idosos de negros e das suas relações afetivas. "Você viu esse exemplo que eu dei? A mulher negra... você lembra de algum casal idoso negro assim? Tem poucos. Até existe um termo que a gente fala sobre 'a solidão da mulher negra'. Ela é a mulher menos amada. Então, tipo assim, ela tem uma questão de não escolher, de se permitir ser amada. Por qualquer pessoa", começou.

Camilla aproveitou para falar que o home negro também pode escolher ser amado, mas quando comparado a uma mulher negra, ela continua sendo a última a ser escolhida. "Ela só quer ser amada", disse.

Em seguida, Juliette quis saber se não é possível falar para uma mulher negra que ela 'palmita'. O termo palmitagem é sobre relacionamentos amorosos inter-raciais, especialmente entre um homem negro e uma mulher branca - na sociedade, essa última vista como padrão ideal de companheira, o que resulta na solidão das mulheres negras, de acordo com pesquisadores do tema. 

"Não, é porque tipo assim, ela tem o direito de ser amada. Todos têm o direito de serem amados. É porque entra numa pauta sobre a solidão da mulher negra. E ela não merece viver numa solidão", explicou.

Neste momento, João também esclareceu alguns pontos: "Você não pode exigir, por exemplo, que ela tenha um relacionamento afrocentrado, por conta de um histórico, de uma série de coisas".

Camilla continuou o raciocínio do professor: "Mas isso não significa que a gente deva falar para um homem negro também. Assim:'Ah, ela pode, você não'", e acrescentou: "O homem negro também. É igual, é porque a gente tem muito essa pauta. Isso não significa que o homem negro também não se sinta solitário",

Logo depois, Juliette entendeu que a mulher negra sofre duplamente, por ser mulher e por ser negra.

Camilla fez questão de dizer que a solidão do homem negro foi pauta, inclusive, dentro do BBB21. "O Lucas falou que nunca tinha namorado e era o calo dele", disse Julitte.

"Por isso que quando, por exemplo, veio essa ideia de talvez uma menina branca, loira, tenha se interessado por ele, ele se iludiu", apontou João.

"A mulher negra tem a solidão da mulher negra e o homem também vai ter a solidão dele. Eu falei que quando saiu o meu nome, que algumas pessoas falaram, 'Ah, ela tá lá pra ser a cotista, pra ser a militante da edição'. Não, estou aqui porque eu sou braba. Estou aqui porque alguém viu alguma coisa em mim. Não, porque, tem que colocar negros para preencher", revelou.

Camilla aproveitou para falar que quando recebei o convite para participar do programa da Fátima Bernardes ficou muito feliz, porque o foco era ela: "Sabe o que me perguntaram? Sobre mim, meu trabalho. Eu não tive uma pergunta. Nada questionado, alguma coisa. E o Twitter falando, pra mim, fiquei muito feliz pelo convite, porque isso pra mim significa algo na minha carreira, obviamente, e porque tava lá pra falar do meu trabalho".

"Tem pautas que sim, casos aconteceram na internet, que as pessoas realmente são convidadas pra ir lá. O que também é válido, porque a gente precisa falar disso. Mas sabe, eu tava lá pelo meu trabalho, entendeu? Poucas vezes eu sou ouvida, e quando eu sou ouvida, é pra falar do meu trabalho, aí vou entrando na questão do racismo. O que eu não me isento de falar, porque eu falando, eu expondo sempre, me posicionando que eu sei que eu tô contribuindo para uma mudança", continuou.

"Sabe, às vezes, você também quer falar outras coisas, pra mostrar que você também pode ser um bom cantor, uma boa dançarina, uma boa advogada, um bom professor, uma boa dentista?Também tem outras coisas. Eu sou muita coisa. Eu sou a minha história, as minhas vivências, mas eu também sou... eu tenho o meu talento. Isso. Eu tenho o meu gosto, eu tenho os meus sonhos. Entendeu? Então é isso", finalizou.