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Saúde e Bem Estar / Esclarecimento

MÊS DA MULHER: Está sem voz? Disfonia pode ter relação com quadros mais graves do que uma simples rouquidão, fonoaudióloga explica

Especialista esclarece dúvidas sobre níveis do problema, causas e cuidados que devem ser tomados com a voz diariamente

MÁXIMA DIGITAL Publicado em 01/03/2021, às 11h00

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Está sem voz? Disfonia pode ter relação com quadros mais graves do que uma simples rouquidão, fonoaudióloga explica - FREEPIK
Está sem voz? Disfonia pode ter relação com quadros mais graves do que uma simples rouquidão, fonoaudióloga explica - FREEPIK

A voz é uma das principais ferramentas que as pessoas têm para se expressar. Ela é um elemento individual e único, que muda de acordo com o sexo, idade, personalidade e cultura, e pode refletir diversas características de cada um. “Dada a sua importância na comunicação cotidiana e em relações interpessoais e profissionais, as alterações da voz podem ter um grande impacto sobre o dia a dia das pessoas. Entre eles, podemos destacar a disfonia, principal sintoma de distúrbio da comunicação oral”, afirma a Dra. Cristiane Romano, fonoaudióloga, mestre e doutora em Ciências e Expressividade pela USP.

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Mas o que é disfonia

A voz emitida durante a fala se origina da vibração das pregas vocais (cordas vocais), que ficam localizadas na laringe. Quando falamos, as pregas vocais se aproximam e o ar sai dos pulmões, passando pela laringe e causando uma vibração. As cavidades da cabeça (faringe, boca, nariz) funcionam como um alto-falante natural para a emissão de sons. Por fim, os sons falados são articulados na boca, por meio dos movimentos da língua, lábios, mandíbula, dentes e palato.

A disfonia, embora seja reconhecida apenas como a rouquidão da voz, representa todas as dificuldades ou alterações na emissão natural dela. Seu surgimento está relacionado a uma alteração funcional ou orgânica das pregas vocais. Segundo Cristiane Romano, ela se manifesta por sintomas como:

- Esforço ao emitir a voz

- Dificuldade em manter a voz

- Rouquidão

- Variações na frequência habitual da voz

- Falta de volume ou projeção da voz

- Afonia (perda da voz)

- Dor ao emitir sons

- Falta de ar ao falar

- Engasgos até com saliva

A alteração pode ser classificada em quatro níveis de intensidade:

- Leve: disfonia eventual e quase imperceptível

- Moderado: disfonia acontece regularmente, é percebido pela própria pessoa e pelos outros, a voz apresenta oscilações e esforço

- Intenso: disfonia acontece constantemente, a voz é pouco audível, apresenta grande esforço e intensa fadiga

- Extremo (afonia): ausência parcial ou total da voz

“Importante informar que a disfonia não é caracterizada como uma doença em si, e sim um sintoma presente em diversas condições”, diz Cristiane Romano.

Quais as causas

As causas da disfonia são diferentes de acordo com o tipo de alteração:

Disfonia funcional

Neste caso, não há nenhuma alteração estrutural das pregas vocais, e a disfonia é causada pelo mau uso ou abuso da voz. As principais causas são:

- Uso incorreto da voz: pessoas que usam a voz intensamente diariamente e não mantêm os cuidados necessários

- Inadaptações vocais: falha na adaptação entre as diferentes estruturas envolvidas na produção e projeção da voz

- Alterações psicoemocionais: emoções intensas que causam alterações na fala (raiva, ansiedade, alegria, medo)

Disfonia orgânica

Alterações anatômicas primárias das cordas vocais que causam disfonia. Podem ser unilaterais ou acometer as duas pregas vocais. As causas são:

- Nódulos: lesões benignas das pregas vocais que são comuns em pessoas que utilizam a fala para o trabalho

- Pólipos: lesões de caráter benigno com sangue, geralmente originárias de uma lesão aguda

- Paralisia das pregas vocais: ocorre devido à lesão de nervo, causada por alterações cerebrais, cardíacas e tumores

- Laringites: inflamação da mucosa da laringe causada por infecção viral ou bacteriana

- Edema de Reinke: acúmulo de fluido nas cordas vocais causado pelo tabagismo prolongado

- Câncer de laringe

- Outras condições de saúde que causam alteração nas estruturas envolvidas na emissão da voz: gripes e resfriados, alergias respiratórias, sinusite, amigdalite.

Disfonia orgânico-funcional

As disfonias orgânico-funcionais se iniciam como disfonias funcionais que, sem o tratamento necessário, evoluem para o surgimento de alterações na estrutura das pregas vocais. Costumam surgir nódulos ou pólipos na região, chamados de “calos” vocais.

Como evitar

“Os cuidados com a voz são essenciais para sua preservação e prevenção do surgimento da rouquidão e outras alterações. Estes cuidados são especialmente importantes para os profissionais que trabalham com a fala diariamente e dependem dela para o exercício de sua função”, ressalta a fonoaudióloga Cristiane Romano.

Os principais cuidados com a voz são:

- Tomar, pelo menos, 2 litros de água por dia, em temperatura ambiente

- Fazer intervalos entre aulas ou palestras para beber água

- Levar uma garrafa de água consigo para garantir a hidratação frequente da garganta

- Evitar fumar e ingerir bebidas alcoólicas

- Evitar gritar ou falar muito alto

- Tratar adequadamente alergias e doenças respiratórias, com auxílio médico

- Manter a cabeça ereta enquanto fala, para facilitar a fonação

- Buscar uma vida com menos estresse, que gera diversas alterações de fala

- Manter uma alimentação balanceada, pois problemas gástricos também afetam a voz

- Realizar exercícios vocais orientados por fonoaudiólogos

De acordo com a especialista, o treinamento vocal, através de exercícios vocais, pode ajudar a evitar o problema, e precisa ser praticado por pessoas que usam a voz constantemente. Os exercícios utilizados são indicados individualmente pelo profissional fonoaudiólogo.

“É preciso ter cuidados com os exercícios que não são indicados por profissionais, como aqueles presentes na internet. Exercícios mal feitos e sem acompanhamento podem causar danos ainda piores”.

Como tratar

A falta de prevenção ou o uso abusivo da voz pode tornar necessário o tratamento para a disfonia. O tratamento de primeira escolha consiste na redução dos fatores causais (uso inadequado da voz, tabagismo), repouso vocal e a fonoterapia (que visa minimizar a disfonia por meio de exercícios da voz).

“O otorrinolaringologista faz o diagnóstico por meio de exame clínico e exame de imagem (videolaparoscopia). Já o fonoaudiólogo faz um exame para determinar o tipo de disfonia, o grau de intensidade e os aspectos do comportamento da pessoa relacionados ao surgimento da rouquidão”.

Segundo Cristiane, casos persistentes ou mais graves relacionados à disfonia precisam ser tratados cirurgicamente, com remoção da lesão (nódulo, pólipo) ou reconstrução da prega vocal. Para isso, é necessário um exame otorrinolaringológico detalhado, para melhor visualização das pregas vocais e outras estruturas envolvidas na fala e identificação do problema.

“Lembre-se que a rouquidão persistente não é normal e exige a procura por profissional de saúde especializado para acompanhamento e tratamento”, finaliza Cristiane Romano.


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