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Saúde e Bem Estar / Saúde mental

MÊS DA MULHER: Psicóloga explica como perfeição mostrada nas redes sociais pode prejudicar a saúde mental das mulheres

A Dra. Ana Gabriela Andriani explicou que a constante comparação com um ideal perfeito pode causar transtornos e consequências na vida das mulheres

Gabriele Salyna Publicado em 19/03/2021, às 14h30

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MÊS DA MULHER: Psicóloga explica como perfeição mostrada nas redes sociais pode prejudicar a saúde mental das mulheres - Freepik
MÊS DA MULHER: Psicóloga explica como perfeição mostrada nas redes sociais pode prejudicar a saúde mental das mulheres - Freepik

O universo online é perfeito. Nas redes sociais, os usuários mostram trechos em que estão em felicidade, sucesso, conquistas perfeitas.

Porém, isso não é saudável para a saúde mental das mulheres. Em um bate-papo exclusivo com a Máxima Digital, a psicóloga Ana Gabriela Andriani explicou o quanto essa situação pode ser prejudicial para a saúde das mulheres.

“A gente vive uma época em que há uma supervalorização da imagem e da imagem considerada perfeita, do corpo perfeito, da família perfeita, da profissional perfeita. De algo sempre relacionado a sucesso, conquistas, felicidade. É uma mulher que dá conta de todos esses campos da vida, da família, do corpo, do trabalho. Essa mulher dá conta com perfeição, transformando tudo isso em algo perfeito. Isso é super estimulado pelas redes sociais. As pessoas mostram recortes da vida, de momentos da vida, e que fica parecendo que corpos, casamentos, família, relações e os momentos vividos são de muita felicidade e perfeição. Claro que isso afeta a autoestima da mulher, porque a partir desses recortes que vão sendo vistos, muitas mulheres passam a se comparar.”, disse a Dra. Ana Gabriela.

A psicóloga explicou como funciona a cabeça de uma mulher que está se comparando a algo perfeito: “Elas comparam seu corpo, sua vida, sua trajetória, sua carreira, sua família e se sentir menos, incapaz, que não consegue alcançar aquele estágio de perfeição. Essa questão do ‘se comparar’ e sem questionar se aquilo que está sendo visto é real, no sentido de ser um recorte, porque a vida de todo mundo oscila, perdendo isso de vista, faz com que a mulher se sinta inferiorizada, se sinta menos e isso afeta a autoestima dela. Pensando na questão da imagem corporal, tem uma pesquisa feita na Universidade de Boston, que mostra que as adolescentes querem ter a mesma imagem que é mostrada em filtros dos aplicativos, então elas pedem para as mães que sejam feitas cirurgias plásticas. Isso mostra o desejo de ser perfeito, de não ter nenhuma falha e alcançar a perfeição.”.

A “mulher real” é algo que deve ser tomado como o normal: “A ‘mulher real’ tem a ver com a mulher que tem momentos muito bons, de felicidade, conquistas, mas também tem momentos de tristeza, de falhas, frustrações, problemas nas relações de casal e com familiares. A mulher real não é a perfeita, que consegue manter o estado de plenitude e felicidade constante, porque isso não existe.”.

A Dra. disse que essa comparação excessiva pode fazer com que a mulher desenvolva questões psíquicas: “Quando as mulheres ficam sempre se comparando com o perfeito que é postado, elas podem sentir uma baixa autoestima e frustração. Pode ficar triste, irritada, com vergonha, se sentir inferior, ter vontade de se afastar das pessoas, angustiada, insegura, ansiosa e até deprimida. Pensando nessa questão do corpo e da imagem, existe um transtorno que acontece muito com mulheres que se chama Transtorno Dismórfico Corporal, que é quando a pessoa passa a enxergar em pequeno detalhes do corpo, como boca, nariz, olhos, uma pintinha, mancha, ou formado de uma parte do corpo, ela passa a enxergar algo que é um detalhe como um defeito muito grave ou muito grande. Ela passa a ter comportamentos obsessivos ao corpo em uma tentativa de corrigir esses ‘defeitos’. Por exemplo: ela passa a se sentir acima do peso e faz academia obsessivamente. Só que ela nunca consegue atingir a perfeição que ela quer.". 

“Outro exemplo: ela faz uma cirurgia plástica no nariz e nunca está satisfeita e chega a fazer mais procedimentos. Ela sente que nunca chega ao ponto que quer chegar. 90% das pessoas que sofrem com esse transtorno têm depressão e 32% são anoréxicas ou bulimias. E a maioria são mulheres. Isso é um exemplo do que pode acontecer com as mulheres, esses são alguns efeitos do que pode acontecer com as mulheres.”, esclareceu.

A psicóloga explicou que é preciso se aceitar como uma pessoa real e entender suas falhas: “A questão está relacionada a gente aprender a lidar com as nossas falhas, do nosso corpo, nas relações, com os filhos, com o fato de não sermos perfeitos, termos faltas. É a gente tentar se aceitar do jeito que é e gostar do jeito que nós somos, entendendo quais são nossas qualidades, potências, belezas. Isso tem a ver com o aumento da nossa autoestima. Tentar buscar uma vida que seja vivida mais nos contatos reais do que através das redes sociais. O que eu percebo é que as pessoas vão convivendo o mesmo tanto nas redes sociais quanto nas relações reais.”.

“É importante tentar reduzir esse acesso nas redes sociais para viver mais a vida real e as relações reais, porque é assim que a gente vai percebendo as oscilações, as alternâncias de felicidade, tristeza, conquistas, perdas e ganhos. É na vida real que nós vamos percebendo que esse estado de perfeição não é possível, porque as redes sociais sempre vão mostrar um estado de perfeição, felicidade e sucesso.”, falou.  

“A questão é essa: nos voltarmos mais para a nossa vida e nós mesmos. Devemos buscar o que nos faz feliz.”, finalizou Dra. Ana Gabriela.