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LGBT / MEMÓRIA

Sabia que Shakespeare tinha um contemporâneo gay?

Espião da rainha Elizabeth I, Christopher Marlowe renovou o Teatro da época e influenciou a obra de muitos outros

Ezatamentchy Publicado em 25/04/2024, às 15h08

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Marlowe brilhava quando Shakespeare chegou a Londres - Reprodução
Marlowe brilhava quando Shakespeare chegou a Londres - Reprodução

O Teatro não seria o mesmo sem William Shakespeare – e um dos maiores dramaturgos de todos os tempos não seria o mesmo se não fosse um contemporâneo seu: Christopher Marlowe (batizado a 26 de fevereiro de 1564 — 30 de maio de 1593). Dramaturgo, poeta e tradutor inglês, vivendo no Período Elizabetano da Inglaterra, Marlowe era homossexual e muitas vezes, por isso, é esquecido no panteão do Drama.

Isso mesmo sendo considerado o maior renovador da forma do Teatro do período, com a introdução dos versos brancos, estrutura que será empregada por Shakespeare mais tarde. Os dois chegaram a trabalhar juntos, em colaboração, mas a amizade era muito fraca, quase inexistente, e a parceria não durou.

Marlowe era espião da rainha e gay polêmico

Porém, a influência de Marlowe em Shakespeare atravessa a carreira do Bardo insistentemente e parece envolver até mesmo colaborações, como no caso da trilogia Henrique VI.  

Embora não haja consenso quanto à ordem cronológica da obra de Marlowe, há uma tradição estabelecida de que tenha começado em Cambridge, com as traduções das Elegias de Ovídio e dos poemas sombrios de Lucano. Usualmente se considera Dido como sendo a primeira peça escrita por Marlowe, provavelmente em parceria com Thomas Nashe. A peça Tamburlaine também possui características que remontam ao período em Cambridge.

Marlowe frequentou a The King's School (Canterbury) (onde uma edificação atualmente leva seu nome) e o Corpus Christi College (Cambridge), onde recebeu o grau de Bachelor of Arts em 1584.

Pouco se conhece sobre os períodos posteriores à formação acadêmica de Christopher. No entanto, ele continua a ser descrito como espião, arruaceiro e herético, atribuído a ele comportamentos relacionados a "magia", "duelos", "fumo", "estelionato" e libertinagem.

O primeiro sucesso teatral de Marlowe foi o drama ambicioso e conquistador "Tamburlaine, o Grande", escrito em duas partes e baseado na vida do guerreiro e imperador mongol Tamerlão. Embora a data exata de sua criação seja incerta, a primeira publicação da peça ocorreu em 1590, sugerindo que foi escrita por volta de 1587.

O primeiro registro de encenação da peça remonta a 1587, quando foi apresentada pela trupe teatral The Admiral's Men. No entanto, o sucesso da peça foi acompanhado por diversas controvérsias, nas quais Marlowe se envolveu durante seu breve período de atividade em Londres.

Marlowe teria atuado como agente secreto para Francis Walsingham

Em 1588, por exemplo, o dramaturgo Robert Greene, invejoso do prestígio literário alcançado por Marlowe, escreveu sobre o jovem autor. "Eu tenho tomado [Marlowe] para mim com zombaria, pois eu não seria capaz de fazer meus versos jorrarem no palco daquela forma [...], desafiando o próprio Deus como aquele Tamburlaine ateísta."

Especula-se que Marlowe tenha atuado como agente secreto para Francis Walsingham, do Serviço Secreto da rainha Elizabeth I. O suposto envolvimento com o serviço secreto é sugerido em um documento de estado notório. Em 29 de junho de 1587, o Conselho Privado da Rainha discutiu o caso de um estudante de Cambridge conhecido como Christopher 'Morley', cuja reputação estava sendo difamada, resultando na recusa de concessão de seu diploma.

Casal

No verão de 1589, Marlowe e o poeta Thomas Watson compartilhavam uma residência em Norton Folgate, nos arredores de Shoreditch, no coração de Londres, onde também residia o recém-chegado à cidade, William Shakespeare. Em 18 de setembro daquele ano, Marlowe se envolveu em uma briga com um certo William Bradley, utilizando espadas e adagas.

"Dido, Rainha de Cartago" é uma peça de menor extensão escrita pelo dramaturgo

Parece que a disputa estava relacionada a Bradley e Watson, pois, ao ver Watson, Bradley teria exclamado: "Só agora você aparece? Então eu vou lutar com você". Durante o tumulto, Bradley acabou sendo morto, levando à detenção tanto de Marlowe quanto de Watson – e foram encaminhados à prisão de Newgate.

Após uma investigação adequada, concluiu-se que Marlowe agiu em legítima defesa, resultando em sua liberação em 1º de outubro daquele ano, mediante o pagamento de uma fiança de £ 40 libras.

Segundo depoimentos, Christopher Marlowe foi morto ainda jovem numa briga de taberna em 30 de maio de 1593, se bem que não se tenha a certeza do que aconteceu naquela tarde. Por ser homossexual, pouco se investigou.

Obra
"Dido, Rainha de Cartago"
"Tamburlaine"
"Tamburlaine, Segunda Parte"
"O Judeu de Malta"
"O Massacre em Paris"
"Eduardo Segundo"
"A Trágica História do Doutor Fausto"
"Hero e Leandro" (poema inacabado)

Referências: The Marlowe Society  e British Library.

Por Ezatamentchy.