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LGBT / STREAMING

“A Cor Púrpura", um dos mais importantes filmes sobre amor LGBT+

Filme de Steven Spielberg de 1985 infelizmente é atual em seus temas, ainda incomoda pelas cenas

Ezatamentchy Publicado em 10/06/2024, às 12h32

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Celie continua fazendo chorar rios dos olhos de quem tem um mínimo de empatia - Reprodução
Celie continua fazendo chorar rios dos olhos de quem tem um mínimo de empatia - Reprodução
Assistir “A Cor Púrpura” é um soco no estômago necessário em um Brasil que chama de mimimi a solidão da mulher negra, que apaga a população LGBT+, que nega o racismo. Com um remake musical recém-lançado, o filme de Steven Spielberg de 1985 infelizmente é atual em seus temas, ainda incomoda pelas cenas que ainda podem ser de hoje em dia, continua fazendo chorar rios dos olhos de quem tem um mínimo de empatia.

São 40 anos da vida de Celie (Whoopi Goldberg) muito, muito difíceis. Por isso o roteiro de Menno Meyjes é inteligente ao reservar um pouco de respiro ao telespectador logo no começo. Só um pouco, algumas cenas de humor para amaciar uma sequência de tragédias que começa ainda com a protagonista sendo abusada pelo pai, separada dos filhos e casada contra sua vontade com Albert (Danny Glover).

Ao lado da irmã, Nettie (Akosua Busia), Celie ainda conseguia ter alguns momentos de alegria. Mas tudo acaba porque mais uma vez o homem acha que tem poder sobre o corpo da mulher. As irmãs são separadas após uma tentativa de estupro, seguida de uma fortíssima cena que anuncia um tom (ainda) mais dramático.
É um filme sobre irmãs, de sangue ou não

O passar do tempo traz novas personagens, como o furacão revoltoso Sophia, maravilhosamente interpretada por Oprah Winfrey, que produziu o remake ao lado de Spielberg. Ela se torna a empregada da esposa do prefeito da cidade, Millie, vivida por Dana Ivey com comicidade – mas mostrando resquícios de uma época de escravização.

O relacionamento de Millie e Sophia é um clássico burguês: a mulher branca, rica e preconceituosa, com arrogantes ares de estar permitindo que a mulher negra a sirva. É atual ao ponto de ser totalmente possível ter saído de “Que Horas Ela Volta?”, dirigido por Anna Muylaert em 2015.

Oprah poderia ser considerada um perigo para o protagonismo de Whoopi porque rouba a cena em todos os sentidos. É a voz da liberdade feminina contra a opressão masculina. Faz um dos discursos mais fortes do filme para resumir a trajetória de tantas mulheres negras ontem e hoje: “toda a minha vida eu tive que brigar”.
“Toda a minha vida eu tive que brigar.”

É por isso que não há concorrência de atrizes, porque é uma história de união feminina. Sofia e Celie mantém uma amizade distante até que a vida vai jogando as duas em um abraço refúgio das dores. É um dos poucos momentos de “eu me importo com você, eu entendo o que você sente”.

Esse carinho ganha contornos mais íntimos com a cantora e diva Shug Avery (Margaret Avery), com quem Celie tem um romance – que na adaptação do livro de Alice Walker para os cinemas se rendeu ao preconceito de seu tempo e pouco deu destaque a um dos fatos principais da obra original.
Adaptação se rendeu ao preconceito de seu tempo

É para Celie que ela canta o clássico “Miss Celie’s Blues (Sister)” – um hino de empoderamento feminino. É para Celie que ela guarda os melhores momentos de afeto, de atenção, de cuidado – é quando ela se mostra como realmente é, expõe o seu melhor. Muito diferente de suas cenas com Albert, com quem tem um relacionamento amoroso e uma amizade.

A ligação de Celie e da irmã com a África coroa a história, traz a ancestralidade e é coroada em um lindo campo de flores de cor púrpura. Disponível na Claro TV, Google Play, Apple TV, Max, YouTube e Amazon Prime.

Por Ezatamentchy