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LGBT / CINEMA

Longa mineiro sobre amizade e família escolhida chega aos cinemas

A amizade pulsa no coração de “Tudo o que você podia ser”, de Ricardo Alves Jr.

Ezatamentchy Publicado em 21/06/2024, às 15h42

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O roteiro foi elaborado a partir de histórias e vivências do próprio elenco - Divulgação
O roteiro foi elaborado a partir de histórias e vivências do próprio elenco - Divulgação
"Tudo o que Você Podia Ser" (Brasil, 2024) A amizade pulsa no coração de “Tudo o que você podia ser”, de Ricardo Alves Jr., que faz referência à canção de Milton Nascimento em seu título. O roteiro, de Germano Melo, com uma boa dose de improviso, é íntimo e cru, e traz um novo olhar sobre as narrativas LGBTQIA+ para a tela. “As origens são misturar realidade e ficção, com um elenco vivendo um pouco sua vida mas também uma fábula sobre ela, essa é a origem do projeto”, de acordo com o diretor. 

O roteiro foi elaborado a partir de histórias e vivências do próprio elenco, que estrutura as cenas enquanto o motor da construção do filme. “Tem um procedimento muito teatral, da sala de ensaio, de improvisação, diálogos que a gente mesmo cria, enquanto atrizes, dramaturgas, roteirista…”, completa Bramma Bremmer.

O longa acompanha o último dia de Aisha em Belo Horizonte, uma despedida que se desenrola na companhia dus melhores amigues: Bramma, Igui e Will. Através das interações cotidianas entre as personagens, o filme oferece um retrato afetuoso da família acolhida, onde cada personagem corresponde a um espaço de vivências muito próprias.

Pinta, colocação, maquiagem, e uma linguagem muito específica, o pajubá, servem como pano de fundo para tratar temas como comunidade, HIV, afeto e sexualidade. Alguns diálogos foram improvisados no set, partindo de indicações da direção e do roteirista Germano Melo. “Como ela vai chegar nessa questão está na base do improviso dela. O roteiro não está no modelo tradicional, mas constrói uma estrutura dramática onde cada personagem tem suas questões, tem seu drama, tem seu ponto de virada”, refere o diretor.

Como um filme de processo, Tudo o que Você Podia Ser, combina perfeitamente bem, e trata de temas autobiográficos com naturalidade, política e história. “Narrativas de pessoas HIV positivas sempre foram muito conectadas com a morte e com a tristeza, mas hoje qualquer pessoa que faz o tratamento vai se tornar indetectável. É importante falar isso e trazer uma história de vida”, revela Bramma.

Outro aspecto, é que o longa retrata Belo Horizonte, como poucas vezes vimos no cinema, como uma personagem. Em tom quase documental, a fotografia, de Ciro Thielmann, traz cenas gravadas em diferentes bairros e regiões da cidade, como Aglomerado da Serra, Bonfim, Centro, Lagoinha e Santa Tereza, construindo diferentes imagens desse espaço urbano.

A cumplicidade desses personagens em seus momentos compartilhados reafirmam o conceito de que a família é aquela que escolhemos, a que acolhe. É o registro de um tempo. E esses são questionamentos que o filme gera, mas que em um tom muito intimista, também celebra a amizade e a liberdade de se expressar e viver como quiser e puder.

A Sessão Vitrine Petrobras, que é o projeto da Vitrine Filmes em parceria com a Petrobras, está fazendo possível a distribuição desse filme. A Sessão Vitrine Petrobras  tem uma distribuição diferenciada, que permite que filmes brasileiros cheguem a um público que nem sempre teria acesso à produção nacional independente.

*Eduardo de Assumpção é jornalista e responsável pelo blog cinematografiaqueer.blogspot.com
Instagram: @cinematografiaqueer
Twitter: @eduardoirib

Por Ezatamentchy