Sem limites para sonhar - ARQUIVO PESSOAL

Sem limites para sonhar

Apesar de não poder andar, se mover ou falar, o desejo de José Roberto Bueno, 56 anos, era ser ouvido. Com determinação e a ajuda de amigos, ele conseguiu passar sua mensagem de amor e resignação

Patrícia Affonso Publicado em 31/07/2017, às 13h35 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

Foi ainda na infância que o Bueno, como o chamamos aqui nas Casas André Luiz (SP), foi diagnosticado com paralisia cerebral. Ele vive na instituição há quase 49 anos e recebe os cuidados necessários para a sua deficiência. No entanto, por volta dos 20 anos de idade que os especialistas descobriram que Bueno possuía habilidades cognitivas e intelectuais preservadas e, portanto, tinha a capacidade de interagir com as pessoas. Algum tempo após essa descoberta, ele foi introduzido num método de comunicação alternativa chamado sistema Bliss — que consiste numa prancheta com símbolos que representam palavras — e consegue, então, se expressar. Um mundo novo se abriu para ele! 

Sou funcionário* do departamento de TI e nosso primeiro contato ocorreu em 2007. Ele pediu para me conhecer, pois tinha ouvido falar numa tal internet, na qual as pessoas escreviam coisas e todos podiam ver. O Bueno adora fazer poemas e queria que eu o ajudasse a publicar seus textos. Começamos, então, a escrever um blog. Percebendo o talento dele com as palavras, um médico da instituição o incentivou a escrever um livro. Muita gente não acreditava nessa ideia. No entanto, Bueno ficou tão empolgado que cada “não” recebido só o tornava mais persistente! Fomos reunindo forças e consegui um contato da Editora Intelítera, que doou toda a diagramação do livro, além de mil impressões. Nascia a obra Me Leva Que Eu Vou – Uma História de Amor À Vida: ela reúne pequenos textos cheios de lições. Neles, Bueno mostra que não importa como viemos ao mundo, sempre é possível ser feliz e devemos agradecer pela vida. O lançamento ocorreu em agosto de 2015 e foi uma alegria para ele e todos os que acompanham sua trajetória.

*Victor Aniceto, 43 anos, amigo de José Roberto Bueno, narra essa história

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