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Comportamento / Delicado

Paciente fala sobre hospital se recusar a aplicar DIU e alegar questões religiosas

Em exclusiva à Máxima, Leonor Macedo falou sobre o caso em que o Hospital São Camilo, em São Paulo, se recusou a aplicar DIU e alegou causas religiosas

Gabriele Salyna Publicado em 24/01/2024, às 17h39

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Em exclusiva, paciente fala sobre hospital se recusar a aplicar DIU e alegar questões religiosas - Freepik
Em exclusiva, paciente fala sobre hospital se recusar a aplicar DIU e alegar questões religiosas - Freepik

Leonor Macedo foi surpreendida ao passar em uma consulta com uma médica ginecologista no Hospital São Camilo.

Durante o acompanhamento, a doutora informou que não poderia aplicar o DIU na paciente por questões religiosas do hospital, que está localizado em São Paulo.

Em entrevista exclusiva à Máxima, Leonor contou como foi toda a situação. "Fui na primeira consulta ginecológica no Hospital São Camilo. Era uma consulta anual, mas eu também já fui com a intenção de falar sobre a colocação do DIU. Recentemente, eu tive que parar com a pílula anticoncepcional, porque eu tive um pico de hipertensão e eu já tenho mais de 40 anos, o que pode fazer mal, faz mal para a saúde da mulher. A médica me explicou tudo, falou sobre as possibilidades, quais eram os disponíveis no mercado.", contou.

"Depois, ela falou que a única coisa era que ele não poderia ser colocado lá, que ela não poderia colocar naquele hospital, porque o São Camilo é uma instituição religiosa, ligada à Igreja Católica e eles não fazem esse procedimento aqui. Eu fiquei bem em choque quando ela falou. Isso nunca passa pela cabeça. Ela falou que poderia fazer no consultório particular dela, ela não se negou a fazer, muito pelo contrário, disse que eu poderia fazer de forma particular.", narrou ela.

Leonor contou que resolveu postar nas redes sociais. "Eu escrevi no Twitter no dia seguinte e isso gerou um, espanto, uma comoção e uma revolta nas pessoas. Depois, gerou alguns comentários de defesa de outras pessoas ao hospital. A questão não era essa, não era uma intolerância religiosa. O ponto era chamar atenção para uma questão de direitos de planejamento familiar e de reprodução da mulher, direito a algo já estabelecido que é o fato de eu poder colocar o meu método contraceptivo.", disse.

Ela contou que o hospital entrou em contato com ela: "O hospital entrou em contato comigo para reafirmar que eles não fazem o procedimento por questões religiosas, mas que isso não ocorre somente com as mulheres. Segundo eles, o hospital também não realiza vasectomia. Eles podem receitar o anticoncepcional, mas não podem colocar o DIU, porque, para eles, basicamente, ele é algo como abortivo.".

"Isso me gerou muitas dúvidas, mas, para eles, é um método contraceptivo em cima de algo já fecundado, ou seja, de uma vida. Mas é uma coisa que não faz sentido, já que a vasectomia não é e eles também não fazem. Me parece uma intervenção no seu direito de não reproduzir.", comentou.

Leonor contou que a história viralizou e ela virou alvo de comentários maldosos. "Eu contei essa história e isso repercutiu bastante. Muitas pessoas me xingaram, pessoas conservadoras. Virou uma loucura. Eu tenho uma ótima saúde mental, eu não leio essas mensagens me xingando.", falou. 

"Repercutiu e abriu conversas muito importantes. Trouxe discussões para pessoas que podem mudar leis. Trouxe muitas discussões importantes para entender se algo pode ser mudado e se isso vai gerar uma mudança para outras mulheres que estão tentando buscar ajuda. Isso tinha que estar mais acessível. Essa discussão tem que estar aberta para todo mundo.", disse.

Por fim, ela contou que buscou ajuda profissional para resolver a situação. "Procurei advogadas que vão fazer uma denúncia formal e vamos ver o que vai acontecer.", finalizou.

Em uma nota, a instituição disse que, por ser católica, opta por não realizar o procedimento.