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Depressão pós-parto

MÊS DA MULHER: Depressão pós-parto: psicóloga explica o distúrbio emocional, como a paciente se sente e como ajudar em uma situação como essa

Myrian Ferreira, especialista em Avaliação Psicólogica e Psicoterapia, esclareceu tudo sobre essa questão psicológica

Gabriele Salyna Publicado em 30/03/2021, às 14h47

Toda mulher que engravida está suscetível a enfrentar a depressão pós-parto.

Frescura, preguiça e falta de amor ao filho. Esses são alguns dos julgamentos que essas mães recebem da sociedade quando dão de cara com essa doença.

Não, não é nada disso! A depressão pós-parto é um distúrbio emocional, o qual merece atenção, respeito e, principalmente, cuidado.

A mulher não tem culpa de estar nessa condição. Ela precisa de acolhimento neste momento delicado de sua vida.

Para entendermos melhor sobre a depressão pós-parto, como tratar e como lidar com a questão, a MÁXIMA DIGITAL conversou com Myrian Ferreira, especialista em Avaliação Psicólogica e Psicoterapia, que esclareceu tudo sobre essa questão.

MÁXIMA DIGITAL: Como funciona a cabeça de uma mulher que tem depressão pós-parto?

MYRIAN FERREIRA: Antes de tudo, é preciso deixar claro que a depressão pós-parto é um distúrbio emocional que ocorre com o fim da gravidez, através das alterações hormonais. A mulher com esse transtorno sente uma grande tristeza, tem crises de choro, melancolia, não sente vontade de fazer atividades diárias normais, não tem os cuidados com a higiene pessoal e nem com a de seu filho, negligenciando o horário da amamentação e não se importando com as vacinas e visitas ao pediatra para acompanhar o desenvolvimento de seu bebê.

Ela sente a dor da ruptura com o nascimento do bebê e transforma esse sentimento de elo perdido em apatia e falta de bem querer, tanto para si como para o outro. A partir daí, perde o interesse por tudo e tem pensamentos destrutivos, que precisam ser tratados. A falta de interesse é tanta, que desperta na família sentimentos equivocados sobre a relação mãe/bebê.

Porém, é preciso buscar tratamento imediato, pois 80% dos casos que assim fizeram conseguiram reduzir os sintomas.

MÁXIMA: Muitas pessoas falam que é frescura, como explicar que não é?

MYRIAN: A depressão pós-parto tem acometido milhares de mães em todo o mundo. Os sintomas são sempre uma melancolia, tristeza e irritação sem explicação, além da falta de vontade e ânimo para executar tarefas normais. Para a mulher com esse transtorno, esses sintomas são muito doloridos, demanda um esforço que ela não tem e por isso devemos sempre ter em mente que não é que ela não queira, mas sim que ela não consegue fazer nenhum esforço, pois é uma dor extremamente forte que ela não tem como explicar e por isso ela chora – é a maneira que ela encontra para demonstrar esse sofrimento. O desejo de uma mãe é sempre cuidar do seu filho, dar amor e carinho, e se ela não consegue, é porque ela está precisando de amor, carinho e cuidado. Isso não é frescura. É preciso julgar menos e ter mais empatia.

MÁXIMA: As pessoas têm tendência a dizer que a mulher está “rejeitando” seu
bebê, como funciona essa situação na cabeça da mulher?

MYRIAN: As pessoas mais idosas acreditam que certos costumes regionais são aplicados em alguns setores da nossa vida. É verdade que em algumas situações isso às vezes funciona, mas já está provado cientificamente que a depressão pós-parto é um distúrbio emocional causado por diversos fatores e que a mãe não está rejeitando seu filho.
A família é uma das primeiras a falar dessa rejeição, sem saber que isso aumenta a dor da mãe. A falta de interesse ocorre não só com a criança, mas com ela própria que é a maior vítima, porque a impede de vivenciar a maternidade na sua forma mais plena, porque não acompanha o desenvolvimento do ser gerado com amor e por não se sentir realizada como mãe, por conta das emoções distorcidas que a acomete. Por isso buscar o tratamento adequado imediatamente é o recurso que ela precisa para conseguir se organizar.

MÁXIMA: Como a família pode ajudar nesse processo?

MYRIAN: A família é o principal elo no processo de cura. Entender que não é fácil para a mulher se reerguer sozinha, que ela está doente e que precisa de ajuda, já é um bom começo para que receba toda a atenção que necessita. Evitar cobrar atitudes que no momento ela não é capaz de ter e auxiliá-la nas tarefas tanto de cuidado pessoal como para com o bebê são atitudes de amor, e mais que isso, incentivá-la a seguir com o tratamento para que ela própria possa refazer sua rotina é a maior prova de amor para com ela.

MÁXIMA: O que uma mulher com depressão pós-parto deve fazer?

MYRIAN: O diagnóstico deve ser dado por um médico, após a observação dos sintomas em algumas situações. Ele fará uma avaliação e diante do que identificar deverá prescrever medicamentos antidepressivos e sessões de psicoterapias. A mulher com depressão pós-parto deve seguir as recomendações médicas e a família também é orientada, para que o tratamento possa surtir efeito. Os psicólogos que acompanham a mãe utilizam técnicas variadas que auxiliam e agilizam o tratamento. Eles orientam o fortalecimento de vínculo com o bebê, ensinam a aceitar a ajuda de pessoas próximas, incentivam a mãe a falar sobre o que está sentindo e fazem uma escuta empática que diminui o sofrimento dela.

 

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