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LGBT / Deserto Particular

'Deserto Particular' discute a afeição masculina no Brasil contemporâneo e é uma das obras do 78º Festival de Veneza

Antonio Saboia, protagonista do longa, contou detalhes do filme e como ele tem sido recebido pelo público

Máxima Digital Publicado em 08/09/2021, às 11h21

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'Deserto Particular' discute a afeição masculina no Brasil contemporâneo e é uma das obras do 78º Festival de Veneza - Divulgação
'Deserto Particular' discute a afeição masculina no Brasil contemporâneo e é uma das obras do 78º Festival de Veneza - Divulgação

Deserto Particular é uma das obras presentes no 78º Festival de Veneza. O longa com direção de Aly Muritiba traz uma discussão importante sobre a afeição masculina no Brasil contemporâneo. 

Antonio Saboia, aclamado por seu desempenho em Bacurau, enfrentou mais esse desafio em sua carreira e deu vida a Daniel, o protagonista da história.

Em exclusiva, o ator contou que o público recepcionou o filme de maneira bem positiva em sua estreia. 

"A galera aplaudiu o tempo dos créditos todos, com vontade mesmo. As pessoas estavam precisando de um filme esperançoso nesse momento de trevas e escuridão no Brasil.", disse. 

Antonio falou sobre a obra e a importante discussão abordada nela:"É um filme que questiona nossa questão sobre gênero, o que se espera de um homem hoje em dia e a necessidade de se desfazer dessas amarras estruturais."

"Meu personagem, o Daniel, é um cara que nasceu e foi criado em uma família conservadora e nunca questionou, como muita gente, esses valores, por comodidade e porque era fácil não questionar. Ele chega em um determinado ponto da vida dele que ele é obrigado a confrontar isso tudo", disse. 

O protagonista celebrou o momento: "Foi lindo! A crítica está gostando bastante e o público adorou".

"Deserto Particular é um filme de encontros. Desde 2016, com o golpe que tirou do poder uma presidenta democraticamente eleita, minha geração, formada depois da Ditadura Militar, enfrenta o momento mais dramático de sua existência. O país afundou numa espiral de ódio que culminou com a eleição de um fascista como presidente. Depois da eleição de Jair Bolsonaro, todas as minorias, mulheres, indígenas, a comunidade LGBTQIA+, negros, entre outros, passaram a ser sistematicamente perseguidas, e o país se dividiu entre o sul conservador e o norte e nordeste progressista. Essa época de ódio me motivou quando decidi sobre o que seria meu próximo filme. Faria uma obra sobre encontros. Nesse momento de ódio, resolvi fazer um filme sobre o amor", explica o cineasta.

Deserto Particular - Divulgação
Divulgação

O cineasta contou como os dois se conheceram e sentiram que deveriam seguir juntos nessa parceria para a obra. 

"Eu não o conhecia, mas ele havia ouvido falar do roteiro e me procurou. Depois de algumas ligações nós enfim nos encontramos e o santo bateu. Olhei pra ele e senti a energia de Daniel. Parei para ouvi-lo e ela tinha a voz que havia imaginado que Daniel tinha.", contou.

O diretor revelou que a escolha do outro protagonista foi um pouco mais desafiadora. “Uma amiga, a atriz Natália Garcia, que fez Ferrugem comigo, me falou de Pedro Fasanaro. Ao ver suas fotos eu me interessei de cara e resolvi marcar um café entre mim e ele e depois com o Saboia. Eu me apaixonei pela doçura de Pedro, sua voz, seu olhar, me cativaram, mas o mais intenso foi ouvir sua história de vida e perceber o tanto do personagem que já havia ali. Quando enfim Saboia chegou e eles se encontraram eu senti que havia achado minhas parcerias criativos. E é isso mesmo que aconteceu. Criamos, a partir de suas experiências pessoas novas/mesmas personagens".

O local para ser tema do filme também foi escolhido a dedo pelo cineasta. Para Muritiba, a cidade de Sobradinho, como cenário, serve como uma metáfora para os personagens.

"Sempre me interessei por aquela pequena cidade erguida ao redor de uma enorme represa. Sobradinho é uma cidade rodeada de energia elétrica, mas também levantada sob o signo do represamento, do controle do fluxo das águas. Essa energia decorrente desse represamento movem meus personagens, mas também essa vontade de sair se derramando por aí. E filmar ali foi um desafio proporcional à magnitude da represa que há na cidade. Havia toda uma energia no set que com toda certeza contagiou o filme.", contou.

O diretor explicou que seus trabalhos anteriores foram fundamentais para a criação do filme.

"O modo como abordo os espaços e os corpos nos espaços vem do documentário de observação. Aqui, essa experiência foi determinante para o mise-en-scène, mas não só. O compromisso ético com o tema e os objetos (personagens) que tenho quando faço documentários está todo o tempo em pauta nas minhas ficções.", disse. 

DESERTO PARTICULAR:

Sinopse:

Daniel é um policial exemplar, mas acaba cometendo um erro que coloca em risco sua carreira e rua honra. Quando nada mais parece o prender a Curitiba, ele parte em busca de Sara, uma mulher com quem se relaciona virtualmente.

Ficha Técnica

Direção: Aly Muritiba

Roteiro: Aly Muritiba, Henrique dos Santos

Elenco: Antonio Saboia, Pedro Fasanaro, Thomas Aquino, Laila Garrin, Cynthia Senek

Produtoras: Grafo, Fado Filmes, Muritiba Filmes

Produção: Antonio Gonçalves Junior, Luís Galvão Telles, Gonçalo Galvão Teles e Aly Muritiba

Direção de Produção: Thamires Vieira e Max Leean 

Produção Executiva: Chris Spode, Raiane Rodrigues

Produção Executiva (Portugal): Vasco Esteves, João Fonseca

Direção de Fotografia: Luis Armando Artega

Direção de arte: Marcos Pedroso, Fabíola Bonofliglio

Figurino: Isbella Brasileiro

Montagem: Patrícia Saramago

Caracterização: Britney Federline

Trilha Sonora: Felipe Ayres

Som Direto: Marcos Manna

Desenho de Som: Daniel Turini, Fernando Henna, Henrique Chiurciu

Trilha Sonora Original: Felipe Ayres

Gênero: Drama

País: Brasil, Portugal

Ano: 2021

Duração: 120 min.

Deserto Particular - filme
Divulgação


Biografia de Aly Muritiba

Aly Muritiba é diretor, roteirista, produtor e montador, tendo em seu currículo ficções e documentários. Seus filmes já conquistaram mais de 200 prêmios em festivais de cinema, e foram exibidos em festivais como por Sundance (“Ferrugem”, 2018), Veneza (“Tarântula”, 2015) San Sebastian (“Para minha amada morta”, 2015/ “Ferrugem”, 2018) e Semana da Crítica, Cannes (“Pátio”, 2013). Em Gramado, “Ferrugem” conquistou prêmio de Melhor Filme e Roteiro (co-escrito com Jessica Candal). No mesmo festival, em 2021, “Jesus Kid” será exibido em competição.

Para canais de TV e streaming, Muritiba dirigiu as séries “O Hipnotizador” – S02 (HBO), “Carcereiros” S02 (Globo), “Irmãos Freitas” (HBO-MAX) e “Irmandade” (Netflix) e “O Caso Evandro”(GloboPlay).

Biografia de Antonio Saboia 

Antonio Saboia, franco-brasileiro, nasceu na França. É filho de mãe francesa e pai maranhense.

Dos 4 aos 9 anos morou no Brasil e depois voltou para França (Paris).

Aos 22 mudou-se para Londres para estudar teatro dos quais 2 na Webber Douglas Academy of dramatic Art. Retornou ao Brasil onde iniciou sua carreira. Com mais de 13 filmes no seu currículo, o ator ganhou prêmio de melhor ator em “Orbitas da água” e ator coadjuvante em “Lamparina da Aurora”

“Bacurau” (Kleber Mendonça – direção. Indicação de melhor ator coadjuvante), “Os últimos dias de Gilda” (Gustavo Pizzi - direção), “Deserto Particular” (Aly Muritiba - direção), “O Lobo atrás da porta” (Fernando Coimbra -  direção), “Rotas do Ódio” (Susanna Lira – direção) e “Felizes para sempre” (Fernando Meirelles – direção) são alguns trabalhos realizados por Saboia.

Outro destaque é o longa “As órbitas da água” de Frederico Machado, uma produção independente, gravada no Maranhão onde também é protagonista. O longa está no Festival Cine Jardim (de 9 a 28 de agosto – Pernambuco).

Em pós-produção, o projeto “Warden” de Marcus Alqueres. O longa que é todo filmado em inglês, acompanha (de certa forma) a jornada do que seria o primeiro “super herói”.