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Aprenda a driblar a saudade de ter os filhos em casa

O sentimento de solidã o que surge quando a cria sai de casa (a síndrome do ninho vazio) pode se tornar insuportável. Saiba como evitar — ou como abrandar essa dor

Máxima Digital Publicado em 20/07/2015, às 13h54 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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Mae e filha - Shutterstock
Mae e filha - Shutterstock
Nós devemos criar os filhos para o mundo, diz a máxima que toda mulher conhece quando vira mãe. Mas a verdade é que colocar o conselho em prática é difícil. “Acreditamos que o filho é uma extensão da mãe, é como se houvesse um cordão umbilical eterno. Quando há uma ruptura no convívio, é como se uma parte dela fosse embora”, explica a psicoterapeuta Maura de Albanesi (SP). Para as mulheres que não se preparam para essa separação natural, que geralmente acontece quando o filho deixa a casa dos pais para cumprir uma nova etapa da vida — estudar, trabalhar, viajar, casar... —, a dor é grande. “O ideal é aproveitar as diferentes fases da criança para se libertar da angústia da solidão e, as- sim, não ser vítima do que chamamos de síndrome do ninho vazio”, explica Maura. Embora esteja havendo uma mudança no comportamento familiar — atualmente, os filhos estão saindo mais tarde de casa, pois a situação econômica e o prolongamento dos estudos fazem os jovens permanecerem mais tempo na “barra da saia da mãe”, o que contribui para dificultar a separação e tornar a dependência ainda mais intensa —, um dia a ruptura da convivência diária certamente vai acontecer.

Hora de ir

Preparar-se para não sentir solidão é algo que se faz na prática, dia após dia. Por exemplo: “Não fique indignada se o seu filho não chora nos primeiros dias de aula, no início da idade escolar. Isso não significa que ele não gosta de você”, alerta Maura. Da mesma forma, na adolescência, quando ele começa a priorizar os amigos, não invada a vida dele, questionando o tempo todo com quem ele anda ou a que horas vai voltar da balada. Dê a educação necessária e imponha as regras familiares naturalmente, como uma condição que independe da idade. Também não tente manter a cria por perto trazendo os amigos dela para dentro de casa toda hora. “A individualidade do jovem precisa ser respeitada. Desse modo, ele percebe que faz parte do universo, mas que é uma pessoa singular, única”, fala a psicóloga clínica Derlyn Marcia T. Martins (SP). “O amor excessivo mata a expressão pessoal, assim como água demais pode levar uma planta à morte. O bom senso, até para amar, é sempre a melhor alternativa”, complementa a expert. 

Vivendo a própria vida

Em vez de sofrer ou ficar invadindo a intimidade do filho (quem sabe do sobrinho, do neto?), aproveite para realizar coisas para você! Cada pessoa deve vivenciar os seus dias, mesmo que isso signifique alguma dose de solidão — que também é necessária para o autoconhecimento. Para não sofrer excessivamente, é importante não se esquecer de que, além de mãe, você é mulher e tem outros papéis a desempenhar. “A mãe que se dedica 110% à função de cuidar dos filhos sofrerá muito mais do que aquela que se dividiu entre as múl- tiplas tarefas. É por isso que para os homens a separação não é tão dra- mática, pois o pai trabalha fora des- de sempre e passa grande parte do dia longe de casa”, constata Maura.

A regra é proteger, cuidar, mimar... na medida certa, sem exageros. E não abrir mão das coisas de que gosta. Se o seu filho acaba de sair de casa, esforce-se para se reencontrar. “Vá passear, procure descobrir atividades diferentes, faça cursos, volte a trabalhar, encontre as amigas, pratique exercícios, comece a pintar, aprenda a tocar um instrumento, inscreva-se numa academia de dança... Reencontre- se com o seu companheiro: voltem a namorar, viajar! Abasteça-se de outras prioridades e foque em novas questões. Acredite: há um mundo de coisas para você conhecer, aprender, viver”, enfatiza a psicoterapeuta. 

Preencha o vazio

Deixar o filho partir sem dor faz parte de um aprendizado: o de permitir que ele viva a própria vida. Para isso, ofereça apoio, mas não controle; dê afeto, porém, sem impor os seus pontos de vista; passe segurança, no entanto, sem criar dependência. Isso requer atenção aos seus próprios atos e à forma de educar. Se você está vendo o seu ninho vazio, confira as dicas de Maura de Albanesi: 

- Saiba que a sensação de vazio tem começo, meio e fim. Ela não dura para sempre.

- Tente aproveitar melhor o seu tempo com atividades que lhe dão prazer.

- Descubra novos talentos e procure um hobby. 

- Não se esqueça que o fato de você e o seu marido voltarem ao “enfim sós” não significa que o tempo voltou. Considere a perspectiva atual.

- Valorize a independência dos filhos — essa é uma conquista que também é sua.

- Aproxime-se das pessoas. Lembre-se que a solidão é uma opção.

- Olhe para a frente: o futuro pode trazer surpresas gratificantes!