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Saúde e Bem Estar / Síndrome do ovário policístico e endometriose

Larissa Manoela expõe sofrer com síndrome do ovário policístico e endometriose; Médica explica as condições

A ginecologista Anamarya Rocha explica todos os detalhes

Máxima Digital Publicado em 21/09/2022, às 16h30

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Larissa Manoela expõe sofrer com síndrome do ovário policístico e endometriose; Médica explica as condições - Instagram
Larissa Manoela expõe sofrer com síndrome do ovário policístico e endometriose; Médica explica as condições - Instagram

Larissa Manoela surpreendeu o público que a acompanha ao anunciar que foi diagnosticada com endometriose e com a síndrome do ovário policístico (SOP). As duas doenças não têm cura, mas seus sintomas podem ser controlados. A ginecologista Anamarya Rocha Vitorino Gomes explicou todos os detalhes de ambas condições e como podem ser tratadas.

“Embora seja possível que uma mulher sofra de ambas as condições ao mesmo tempo, é algo incomum. Dados apontam ainda que a prevalência de endometriose e síndrome do ovário policístico (SOP) é maior que 10% nas mulheres ao redor do mundo. Essas são patologias que diminuem a fertilidade e a qualidade de vida das pacientes, por isso a importância de estudá-las para melhorar a assistência à saúde das mulheres. Ao contrário do que já foi proposto há alguns anos, a endometriose e a SOP são doenças opostas, não tendo ligação entre si”, explicou Dra. Anamarya.

A especialista falou também como identificar a SOP através dos sintomas. “Ela pode acarretar complicações de saúde, como ciclos menstruais irregulares, infertilidade, hirsutismo (aumento de pelos no corpo), acne, manchas escuras (acantose nigricans) na axila, virilha, pescoço, etc., e síndrome metabólica, sendo considerada um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Exames laboratoriais podem identificar aumento de hormônios masculinos (androgênicos) e ultrassom transvaginal/ pélvico também podem identificar os cistos nos ovários”, disse.

Já no caso da endometriose, a especialista destacou a importância do diagnóstico precoce, por conta da dificuldade em reconhecer a doença, mesmo diante dos sintomas. “É de vital importância o ginecologista reconhecer os principais sintomas e o que se observa no exame físico da paciente com endometriose para realizar o diagnóstico precoce da doença. Infelizmente, ainda hoje, a média estimada do tempo entre o início dos sintomas referidos pelas pacientes até o diagnóstico definitivo é de aproximadamente 7 anos”, disse.

Os principais sintomas associados a endometriose são: dismenorréia, dor pélvica crônica ou dor acíclica, dispareunia de profundidade (dor na relação sexual), alterações intestinais cíclicas (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, disquezia e dor anal no período menstrual), alterações urinárias cíclicas (disúria, hematúria, polaciúria e urgência miccional no período menstrual) e infertilidade. “Ou seja, a mulher portadora de endometriose tem dor intensa pélvica que piora no período menstrual e quando o endométrio está presente em outras partes do corpo, como intestino e bexiga, onde ele estiver provocará um efeito inflamatório local e também dor intensa”, resume.

Como tratar

Ambas as enfermidades não têm cura, mas tem controle e o manejo das pacientes que possuem ambas simultaneamente é bem mais complexo, uma vez que na SOP o ideal é que a mulher consiga voltar a ter ciclos menstruais regulares e na endometriose, o ideal é que esses ciclos sejam bloqueados, para que não ocorra novas formações endometriais fora do útero.

A menopausa é o período em que ambas as doenças não desenvolvam mais sintomas nas mulheres , uma vez que ambas são dependentes da produção hormonal existente no período reprodutivo. O tratamento de ambas visa, principalmente, além do controle dos sintomas que são antagônicos, proporcionar a fertilidade à mulher, pois são condições igualmente preocupantes, afetam a menstruação e podem levar à infertilidade nas mulheres.

“No caso da SOP, hábitos saudáveis como a prática de atividade física regular, principalmente anaeróbica (musculação) deve ser imperativa, juntamente com alimentação saudável e equilibrada com acompanhamento de um nutricionista. Dependendo do grau de acometimento da doença, apenas essa mudança no estilo de vida, pode proporcionar um tratamento eficaz na mulher portadora de SOP. Vários medicamentos podem ser utilizados no tratamento da SOP, entre eles os anticoncepcionais orais (por períodos limitados), os anti-andrógenos, os anti-estrógenos e, mais recentemente, os agentes sensibilizadores da ação da insulina (tiazolidinedionas e biguanidas). Estes têm sido empregados para reduzir o nível de hiperinsulinemia e seu impacto negativo sobre a função ovariana e a prevenção a longo prazo de suas conseqüências cardiovasculares”, explicou a médica.

“O tratamento clínico da endometriose é eficaz no controle da dor pélvica e deve ser o tratamento de escolha na ausência de indicações absolutas para cirurgia. O principal objetivo do tratamento clínico é o alívio dos sintomas álgicos e a melhora da qualidade de vida, não se esperando diminuição das lesões ou cura da doença, mas sim o controle do quadro clínico. O uso dos progestagênios de forma contínua resulta em bloqueio ovulatório e tem efetividade no tratamento da dor pélvica decorrente da endometriose. Assim como os progestagênios isolados, o uso de pílulas combinadas de estrogênios e progestagênios é indicado como tratamento de primeira linha por diversos guidelines de sociedades médicas. Infelizmente anti-inflamatórios e medicações para dor não são tão eficazes na terapia coadjuvante. Terapias complementares podem ser indicadas no seguimento das pacientes com endometriose sintomática, como a acupuntura, fisioterapia do assoalho pélvico, psicoterapia e uso de analgésicos como gabapentina e amitriptilina, entre outros ou seguimento, em conjunto com especialista no manejo da dor, para otimizar a analgesia. É fundamental avaliar outras causas de dor em mulheres já diagnosticadas com endometriose que não responderam ao tratamento clínico. Alguns suplementos de cúrcuma e piperina podem ser utilizados para dor pélvica dessas pacientes”, destacou a Dra Anamarya.