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Quando o excesso de vaidade afeta o psicológico: Saiba o que é o transtorno dismórfico corporal

Especialista fala sobre a obsessão pelo corpo perfeito e como isso pode acarretar numa busca por cirurgias plásticas desnecessárias e até levar à morte

Máxima Digital Publicado em 03/08/2020, às 11h11

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O excesso de vaidade pode afetar o psicológico. - Freepik - Criado por 'Freepik'
O excesso de vaidade pode afetar o psicológico. - Freepik - Criado por 'Freepik'

Às vezes, a vaidade pode virar um transtorno quando se torna uma obsessão.  Na maioria dos casos, as mulheres procuram por cirurgias plásticas que nem sempre são necessárias.

Até mesmo quando os médicos garantem que não é preciso mudar ou intervir na silhueta, a pessoa não se conforma. E é aí onde os problemas começam: a insistência pela intervenção pode acabar se tornando insegura e clandestina.

Foi o que aconteceu com Fernanda Rodrigues, conhecida como MC Atrevida, de 43 anos, que morreu 11 dias após passar por um procedimento cirúrgico em uma clínica de estética em Vila Isabel, na zona norte do Rio de Janeiro.

De acordo com os amigos da cantora, ela se submeteu a uma hidrolipo com enxerto, que consiste na transferência de gordura de uma parte do corpo para outra. No caso da funkeira, o excesso de gordura foi retirado das costas para ser aplicado no bumbum.

Aparentemente, ela sabia que a cirurgia seria realizada em consultório e não em um hospital. Depois de passar mal, Fernanda foi levada a uma emergência, onde já chegou em estado grave e veio a falecer poucas horas depois por infecção generalizada.

“A vaidade é muito importante para manter a saúde mental. A pessoa precisa se olhar no espelho e apreciar o que ela vê. Porém, começa ficar perigoso e beira o extremismo quando se coloca a saúde e à vida em risco, simplesmente, para mudar uma característica física”, explica a psicóloga Katree Zuanazzi, diretora do Instituto Brilhar Saúde Mental, de Curitiba.

De acordo com a especialista, para saber se a vaidade é saudável ou não, é preciso fazer uma analogia entre o veneno e o remédio: o que diferencia um do outro é a quantidade. Da mesma, para saber se a vaidade é doentia. É a intensidade que mostra quando o excesso de cuidado pela aparência vira um transtorno psicológico.

“A pessoa chega nessa fase quando começa mudar sua estética de forma exorbitante. Corrigir pequenos pontos que não agradam, como um nariz ou colocar silicone, ainda é benéfico, porque se trata apenas de uma melhoria. Mas, quando ultrapassa essa linha, significa que não faz bem. Principalmente quando mudam muito e quase não resta mais nada do que ela é de verdade. Isso mostra que falta autoestima e há uma grande rejeição do ‘eu’”, ressalta Katree.

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A extrema necessidade de admiração pode ser resultado de uma insegurança escondida. Quando a pessoa não se aceita, se acha feia e que tem algo de errado com a sua aparência, ela pode desenvolver um transtorno, o dismórfico corporal, em que vê o seu corpo numa relação equivocada.

Há um incômodo com o nariz, os lábios, os dentes, ou todo o conjunto, o que causa sofrimento. Em casos assim, a cirurgia plástica está associada à felicidade, algo que vai levar a uma satisfação incondicional.

“É preciso ter bom senso, mas infelizmente, muitas pessoas acabam  indo de um extremo ao outro. Não ter vaidade, não se arrumar e não tentar ser a melhor versão que a pessoa pode ser também reflete falta de amor-próprio e também é considerado um transtorno", explicou.

"Assim como do outro lado, o excesso de mudança, de transformações pode ser para agradar aos outros e não a si, porque no íntimo, a pessoa fica a dúvida de que ser de um jeito diferente, de uma outra forma, será aceita e bem vista. Ambos mostram a busca pelo amor, mas se for em excesso pode se transformar em um transtorno psicológico”, finalizou.

O perigo das cirurgias clandestinas

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), em média, existe no Brasil 12 mil médicos exercendo a medicina na clandestinidade. Existem muitos que realizam cirurgias plásticas que significam um perigo para a segurança dos pacientes, pois, para a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), esses profissionais são inaptos.

De acordo com a SBCP, existe um grande número de cursinhos de final de semana, para treinar profissionais clandestinos. O perigo está nesses falsos cursos, porque o médico cirurgião plástico precisa passar por 14 mil horas de treinamento. A maioria das queixas de problemas causados por cirurgias envolvem cirurgiões que não são habilitados, em 97% dos casos.

A população precisa ser alertada sobre os perigos que isso representa e saber que os procedimentos cirúrgicos estéticos só podem ser realizados por membros da SBCP. É possível saber a condição do médico pesquisando no site da entidade, procurando na lista dos membros efetivos

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