Carol Dourado decidiu encarar a separação com comemoração e viralizou na web
Máxima Digital Publicado em 06/10/2020, às 15h47
O divórcio pode ser um momento difícil, íntimo e dolorosa para muitas pessoas. Só que a empresária maranhense Carol Douradoenfrentou a situação de um jeito diferente. Ela não escondeu, pelo contrário, quis deixar bem claro o quanto estava feliz com sua conquista, depois de um longo e cansativo processo.
A ideia de festejar a separação veio de um insight, segundo a empresária de 29 anos. "Eu estava tão feliz, mas tão feliz de conseguir aquilo, que eu precisava comemorar. Foram dias e dias marcando o 'xizinho' no calendário para chegar à data da audiência de conciliação", contou, em entrevista para Universa.
A moça se casou em outubro de 2015. Na época, ela nem teve a famosa sessão de fotos que muitos noivos fazem antes do casamento, os chamados pré-weddings - por isso achou boa ideia se presentear com um ensaio pós-divórcio, que ficou por conta da fotógrafa Amanda Borges.
Carol acredita que se trata de um marco em sua vida e deveria ter uma celebração. "Quando a gente está muito alegre, quer comemorar, não é? Todo mundo se casa e comemora; todo mundo faz aniversário e comemora, por conta do rompante de felicidade que essas datas e momentos imprimem. Independente do motivo, quis extravasar essa felicidade, mostrar o quanto estou feliz, porque foi uma vitória", argumentou.
Ela se casou aos 24 anos e tudo rolou muito rápido, também - conheceu o ex-marido em junho e, quatro meses depois, eles assinavam os papéis do casamento. Antes, tinha vivido outros namoros sérios e duradouros, mas nenhum foi de maneira tão avassaladora, como ela mesma descreveu.
Mas, não demorou para Carol identificar que vivia um relacionamento abusivo, o que aconteceu bem perto do primeiro aniversário da filha que tiveram - a menina tem quase 3 anos e mora com ela. Durante a situação, houve uma grande discussão, com cena "desagradável", que ela agora ela vê que não era normal.
"Mesmo assim, em todas as situações, eu me questionava muito, sempre achava que a culpa era minha e ficava pensando que, 'se eu não tivesse feito isso, ele não teria feito aquilo'", exemplificou.
Carol entende que sua relação foi abusiva desde o início, inclusive antes do casamento, mas só se deu conta quando já não aguentava mais. "Foi abusivo do ponto de vista emocional, psicológico e, alguns momentos, financeiro, apesar de eu ter uma certa independência financeira", explicou.
A maranhense apontou que talvez a diferença de 17 anos de idade entre ela e o ex-marido pode ter contribuído, inclusive porque ela era muito jovem e não tinha o empoderamento feminino, feminismo, machismo estrutural e patriarcado presentes em sua vida.
Ela ainda confessou que a vida do casal era um "morde e assopra", ou seja, brigas um dia, "eu te amo" no outro. "E eu sempre era culpada de tudo, era a louca, a que não estava entendendo direito, a que distorcia todas as histórias. Às vezes, eu começava a falar sobre algo que não tinha gostado e acabava saindo da discussão pedindo 'desculpa, pelo amor de Deus', pois ele tinha um controle psicológico muito grande sobre mim", relembrou.
A recém-divorciada reconheceu que ela mesmo demorou a aceitar a separação. "Foram uns seis meses vivendo um casamento em que eu não estava mais casada", disse. Eles até tentaram algumas reconciliações, mas como não se acertava, ela resolver colocar um ponto final.
O processo não foi fácil, desde a separação, em janeiro de 2018. Carol só deu entrada no divórcio em fevereiro deste ano porque esperava resolver tudo de forma amigável. "Esperei todo esse tempo todo para fazer o divórcio consensual, que era minha vontade, pois é tudo mais fácil e rápido de resolver. Mas ele protelou muito. Sempre havia uma desculpa, não podia ou estava muito ocupado. Então decidi não esperar mais a vontade dele. Falei: se ele não quer, eu quero. Corri atrás do litigioso porque, quando um não quer, dois não ficam, né?", explicou.
"Saí emocionalmente altamente abalada desse relacionamento. Fui fazer terapia, comecei a seguir pessoas que me inspiravam nessa questão do feminismo e empoderamento. Tem uma página no Instagram chamada "Mas ele nunca me bateu" que me ajudou muito, porque me segurei lendo os relatos das mulheres que estavam em relacionamento abusivo, mas que nunca tinha sofrido violência física, como foi o meu caso", falou.
Só que a intenção de Carol, com as fotos festivas no dia do divórcio, não era bombar as redes. Ela só queria celebrar a conquista de forma mais íntima, com amigos próximos e pessoas que a seguem nas redes sociais e acompanharam todo o processo. "Até então, minha média era de 100 visualizações em um stories. Eu passei para 30 mil. Foi uma repercussão que realmente eu não esperava", afirmou.
Ela falou que o feminismo já estava presente em sua vida e militava contra o machismo e o relacionamento abusivo e, por isso, tem tido muito retorno positivo após a postagem. Mas, existem o feedback negativo - segundo ela, a maioria por parte de homens, que a chamam de louca e dizem que quem se livrou foi o ex-marido.
"Mas só dou atenção, leio e escuto áudios positivos. Me chamam de maravilhosa, mulheres que não me conheciam me dizem que eu as represento, que queriam ter feito a mesma coisa. Pedem minha faixa emprestada para tirar foto na rua. Já me mandaram prints das manas me defendendo. A sororidade me emociona muito", frisou.
Inclusive, planeja promover rodas de conversa e apoio em sua empresa, que é um espaço colaborativo criativo. A ideia é compartilhar experiências e envolver até quem não esteja em um relacionamento abusivo, para que saibam identificar prontamente um abusador.
E bom, a comemoração da empresária está apenas começando. As fotos foram só uma parte da celebração pessoal. Ela quer realizar uma festa no dia 31 de outubro, ainda sem nome definido - deve ser "Despedida de Casada" ou "Baile da Divorciada". Será em seu espaço comercial, na litorânea de São Luis.
E relacionamento futuros? Carol não tem dúvidas sobre o que espera de um próximo relacionamento: "Que seja uma pessoa que me respeite, que me trate com o respeito que eu mereço. Não vou aceitar nada menos do que isso", pediu.
