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Transtorno alimentar: quando o espelho vira inimigo!

A forma como sua filha se vê pode desencadear transtornos alimentares — males comuns entre as adolescentes. Por isso, é preciso estar atenta. Veja como identifi car e ajudar

por Ana Bardella Publicado em 19/01/2018, às 09h00 - Atualizado em 22/08/2019, às 01h40

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Transtorno alimentar: quando o espelho vira inimigo! - Shutterstock
Transtorno alimentar: quando o espelho vira inimigo! - Shutterstock

Comer exageradamente ou deixar o estômago vazio por tempo demais: se para uma mulher madura pode ser complicado estabelecer uma relação saudável com a comida, imagina então para uma adolescente... Nessa fase de mudanças, por um lado existe a preocupação em ser aceita pelos colegas. E por outro, um bombardeio das redes sociais com fotos de atrizes, modelos e “musas” fitness. Todas elas esbanjando um corpo magro e bem defi nido. Não é à toa que estudiosos consideram que, nessa fase, o risco de desenvolver um transtorno alimentar aumenta muito. Leia mais sobre o assunto e saiba como proteger sua filha dessa cilada!

PARA COMEÇO DE CONVERSA
“Transtornos alimentares são problemas de ordem psicológica”, esclarece Fabíola Luciano, psicóloga do ambulatório de bulimia e transtornos alimentares da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Quem sofre com esses males tem uma alimentação disfuncional e pode acabar perdendo muito peso, engordando ou prejudicando a saúde.

QUAIS SÃO OS PRINCIPAIS TIPOS?

ANOREXIA
Tem como característica a recusa alimentar (e, portanto, a perda de peso). Geralmente, a motivação é o perfeccionismo com relação ao próprio peso/corpo. Muitas das pessoas que desenvolvem o distúrbio acabam sofrendo também uma distorção da própria imagem.

BULIMIA
Quem sofre com o problema come muito e compulsivamente. Depois começa a se sentir mal e assume comportamentos compensatórios para eliminar as calorias. Isso pode se dar provocando o vômito ou usando laxantes e diuréticos.

COMPULSÃO ALIMENTAR
Neste caso a pessoa também se alimenta de maneira exagerada, certas vezes. A sensação é de perda de controle, pois o comer já não está vinculado à fome. Em seguida, vem a culpa e a frustração.

PARTICIPAÇÃO DOS PAIS
Quantas vezes, sem perceber, não reforçamos dentro de casa a ideia de que as mulheres devem estar sempre magras? “Fulana era tão bonita, agora está gordinha”, “Essa blusa marca demais a minha barriga”... Tudo isso impacta a relação que os mais jovens constroem com a comida, uma vez que “eles podem internalizar esses discursos”, alerta Fabíola. Em compensação, se os responsáveis prestam atenção em como anda a autoestima dos filhos e conversam sobre esse assunto em casa, a tendência é que os adolescentes se sintam mais acolhidos, entendam que seu valor não está relacionado ao peso e não apelem para as radicalidades.

Sinais de alerta

Se sua filha (ou seu filho) estiver apresentando comportamentos como estes, puxe uma conversa franca e procure ajuda psicológica:

■ Evita ir a restaurantes e se recusa a comer perto dos familiares e amigos.
■ Faz uso de inibidores de apetite, diuréticos ou laxantes.
■ Vai sempre ao banheiro depois de comer.
■ Demonstra muita preocupação com o peso.
■ Come descontroladamente ou escondido.

Conversamos com Daiana Garbin, do canal de vídeos EuVejo. A jornalista falou sobre sua relação complicada com o próprio corpo e o diagnóstico de distorção da imagem corporal:

Quando você percebeu que havia algo errado?
Não sei exatamente. Aos 12 anos comecei a fazer regime, mas, mesmo antes, não me lembro de gostar do meu corpo. Lá pelos 17 anos percebi que estava fora do controle. Passei a tomar muitos remédios para emagrecer, diuréticos e laxantes. Mas só procurei ajuda há dois anos. O diagnóstico veio em maio do ano passado, quando fui ao psiquiatra. Descobri que a minha relação com a comida me fazia não gostar do meu corpo. Sofro de distorção da imagem corporal, causada por um transtorno alimentar.

Meninas com esse mesmo tipo de problema entram em contato com você?
Recebo relatos de muitas adolescentes que dizem que não se sentem adequadas no seu corpo. Vivemos um momento de exposição na internet, e isso contribui para que as pessoas fi quem doentes. A verdade é que todos os corpos são adequados. Mas quando vemos um site julgando o corpo de uma famosa na praia ao dizer “fulana exibe celulites”, como se esse fosse o maior crime da humanidade, a mensagem passada é a de que ser assim é feio, errado. Quando, na verdade, é normal. Incomoda as pessoas dizerem: “Mas você é tão bonita... Como pode se sentir assim?”. O problema é as pessoas acreditarem que só quem tem um determinado tipo físico pode desenvolver essas doenças. Os índices de transtornos alimentares em modelos (consideradas as mulheres mais bonitas do mundo) e bailarinas são altíssimos. Temos que parar de julgar uns aos outros, porque nunca se sabe qual é a dor pela qual o outro está passando.

Qual o real peso da influência da mídia?
Está comprovado que o padrão imposto pela sociedade pesa muito na insatisfação corporal das meninas, e isso pode desembocar no transtorno alimentar. Padronizar corpos e mostrar só um tipo como sendo o ideal é perigoso. As imagens são tratadas no computador, tirando marcas, poros, rugas, espinhas, manchas... O resultado é uma boneca perfeita, mas que não existe realmente.

Por que esse problema afeta mais mulheres?
Porque nós somos julgadas pela aparência desde sempre. A menina começa a ser cobrada para estar “bonitinha”, “arrumadinha”. Por que ela não pode estar feliz e à vontade usando um moletom bem largo, se essa for sua vontade? Isso tem que mudar!