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Comportamento / RELACIONAMENTOS

Relacionamentos amorosos reais e virtuais: psicóloga ensina como lidar com a expectativa e a realidade durante a quarentena

A terapeuta Luciana Szafran responde à algumas dúvidas sobre as aflições e conflitos do coração em plena pandemia

Juliana Gardesani com supervisão de Marina Pastorelli Publicado em 23/08/2020, às 19h00

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Veja dicas para melhorar seu relacionamento na quarentena - Pixabay
Veja dicas para melhorar seu relacionamento na quarentena - Pixabay

Amor ou carência? Paixão ou 'fogo de palha'? Quarentena ou 'carentena'? Desgaste ou convivência? 

Calma! Nem tudo está perdido. Estamos passando por uma das situações mais complicadas e delicadas do Brasil - e do mundo - onde somos obrigados a ficar isolados de tudo e todos, por conta da pandemia do COVID-19, o novo coronavírus.

Amigos, familiares, 'crushs', 'contatinhos' e afins - sem querer, todos, literalmente todos os citados estão afastados um dos outros, e, por mais que seja por uma boa causa, sabemos que o ser humano não foi criado para ficar sozinho.

Por isso, muitas vezes, as pessoas buscam um conforto ou refúgio em aplicativos de relacionamentos. Em tempos de pandemia, se você conhece alguém interessante na internet, o encontro com tal só acontecerá após a tão esperada vacina da cura do coronavírus sair. Por isso, a expectativa sob esse indivíduo cresce cada vez mais.

E estes mesmos solteiros de plantão, costumam ter aquela 'invejinha branca' de quem já é casado, mora junto ou namora, afinal, a carência e a falta do que fazer não existem, não é mesmo? Errado!

Para estarmos preparados para essa nova era de amores virtuais, convivência excessiva e muitos 'poréns', nós, da Máxima Digital, conversamos com a psicóloga, terapeuta de casal e família, Luciana Szafran, que respondeu à algumas dúvidas relacionadas a esse turbilhão de emoções amorosas durante a quarentena. 

Vamos lá!

RELAÇÕES VIRTUAIS

MÁXIMA: Dra., atualmente, vemos frequetemente pessoas se envolvendo virtualmente por aplicativos de relacionamentos (Tinder, Happn, etc). Essas relações 'platônicas' (pelo menos até quando a pandemia acabar) fazem bem para a mente e o coração? Expectativas podem ser confundidas com ilusões?

Luciana Szafran: "A mente não distingue a realidade daquilo que imaginamos. Se você pensar em comer algo que goste, um chocolate por exemplo, fechar os olhos e imaginar o sabor do chocolate, a textura, o cheiro, é muito provável que seu cérebro mande uma mensagem para o seu estômago, com enzimas, para a boca, com salivação, etc., preparando seu organismo para essa experiência, ou seja, a mente pode ser 'enganada'".

A especialista ainda explica que, muitas vezes, as pessoas se decepcionam por terem se apaixonado por uma 'projeção':

"Nos casos de relacionamentos, reais ou virtuais, as expectativas podem ser confundidas com ilusões (eu chamo isso de projeção). A projeção é aquela imagem idealizada de um parceiro (a) e ela é facilmente observada nos relacionamentos, pois as pessoas usam máscaras para serem mais sedutoras e atrativas. Quando passa o período de paquera, e a coisa fica mais real, essas máscaras começam a cair e você pode se questionar: 'Ué, cadê a pessoa que eu conheci e me apaixonei?'. E, muitos problemas relacionais começam com isso, com essas expectativas frustradas. Mas daí eu te pergunto: quem foi que as criou?".

MÁXIMA: Pela sua experiência, relações iniciadas na internet, na maioria das vezes, dão certo?

Luciana Szafran:"A maioria das relações não dão certo porque as pessoas não sabem o quê procurar num parceiro (e não é muito diferente no mundo real!). Infelizmente não fomos orientados a sermos quem somos, então, vamos usando essas máscaras, representando papéis. Quando nos apaixonamos, tendemos a 'baixar a guarda', nos rendemos ao amor e mostramos a nossa essência, mas daí o (a) parceiro (a) pode não se interessar por aquilo que é real. Enquanto houver 'jogos amorosos', enquanto usarmos essas máscaras, as chances desse relacionamento dar errado é bem alta".

MÁXIMA: Quem costuma se apaixonar mais rápido por alguém que nunca viu na vida? Homens ou mulheres?

Luciana Szafran: "Mulheres são culturalmente mais expostas às histórias dos contos de fadas, onde todas as relações terminam com um FELIZES PARAR SEMPRE. Então, somos nós, mulheres, as que se apaixonam pela ideia do relacionamento perfeito (e não necessariamente pelo parceiro perfeito)", explicou a terapeuta. Por tanto, abram o olho, mulherada!

É importante certificar-se sempre se a pessoa que está do outro lado da tela do celular é real. Tanto mulheres, quanto homens - não só para prevenir desiusões amorosas, como também, possíveis situações perigosas.

RELAÇÕES REAIS

MÁXIMA: Em tempos de quarentena, vimos muitos casais famosos se separarem. Tem algo a ver com a convivência intensa?

Luciana Szafran: "A convivência intensa vai expondo mais a 'nossa essência'. Lembrando que nos apaixonamos por uma idealização e não pela pessoa. E é isso que a convivência expõe: a verdade sobre nós".

MÁXIMA: Como lidar com a irritação e conflitos do dia a dia, já que os casais estão 100% juntos durante a quarentena?

Luciana Szafran: "Primeiro, entender que essa é uma situação atípica. Segundo, desenvolver a comunicação empática, que é uma forma de comunicar que nos ajuda a expressar as nossas necessidades e sentimentos de maneira a evitar os mal-entendidos e os ruídos da comunicação. Ela nos ajuda, ao mesmo tempo, a desenvolver a escuta ativa, que é baseada no ouvir, compreender, se colocar no lugar daquele que fala e do não julgamento e da não comparação. Pode parecer impossível se comunicar assim, mas essas são habilidades treináveis, ou seja, qualquer um pode desenvolvê-las e usá-las como base das suas relações interpessoais".

MÁXIMA: Existe algum tipo de linguagem/atitude que possa melhorar a convivência?

Luciana Szafran: "A comunicação-não-violenta (CNV) é a base dessa linguagem. Foi desenvolvida por um psicólogo americano, Marshall Rosenberg, e nos orienta a ter uma linguagem mais assertiva, colaborativa, amorosa e harmônica, que se alinha aos nossos valores e às nossas emoções", explica Luciana, que é mestre em Mediação de Conflito e Negociação e aplica as técnicas e estratégias que aprendeu em terapias de casais.

MÁXIMA: Como pedir ao parceiro/parceira para dividir tarefas domésticas sem gerar brigas e discussões?

Luciana Szafran:"Vou dar alguns exemplos para ficar bem claro como é isso na prática e vocês vão ver que não é difícil: o sujeito fica grudado no celular, vocês logo diriam 'você não me ajuda, fica o dia todo nesse celular! Não aguento mais!' - certo? Usando a CNV (comunicação-não-violenta), ficaria assim: 'Me sinto cansada ao fazer as tarefas de casa sozinha, e daí, no fim do dia, estou tão esgotada que não consigo passar um tempo de qualidade com você'. O que vocês acham que o parceiro dessa pessoa pensaria ao ouvir isso? Opa, deixa eu ajudá-la um pouco porque o fim do dia pode ser bem legal!

Ou ainda: 'Não posso contar com você para ficar com o nosso filho por 5 minutos para eu ir no banheiro'. Usando a CNV, ficaria: 'Preciso sentir que você está comigo na educação e criação do nosso filho. Sinto que essa ajuda me fortalece'. Novamente, pense o que você sentiria ao ouvir isso. Dá para perceber a diferença?".

Aos casais que se identificaram, que tal testarem a CNV (comunicação-não-violenta)? Nada como um bom convívio com quem você ama, concordam?

DICA DA TERAPEUTA LUCIANA SZAFRAN PARA CASAIS VIRTUAIS E REAIS SUPERAREM A QUARENTENA:

"Minha dica é que vocês aprendam a se reconectar com seus parceiros e sejam mais leves e amorosos consigo mesmos e com seus parceiros. Isso vai passar, e quando terminar, vocês poderão sair disso muito mais fortalecidos no amor. Mas, é preciso fazer a sua parte! Se cada um fizer um pouquinho, aprenderem juntos a se comunicarem de forma mais amorosa, todo mundo ganha", finalizou Luciana.

Gostaram, Máximas? Deixem suas histórias amorosas nos comentários de nossas redes sociais! Também nos contem se testaram as técnicas da especialista Luciana Szafran. Estamos na torcida pelo amor!

Até a próxima!

Saiba como lidar com relacionamentos amorosos durante a quarentena
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